O presidente do CDS-PP salientou hoje que não abandonou o partido “depois do pior resultado eleitoral da sua história” e desafiou os críticos que pertenceram à anterior direção a “responderem pela estratégia que defenderam”.
Francisco Rodrigues dos Santos falou pela segunda vez ao Conselho Nacional cerca das 18:30, meia hora depois do previsto, a partir da sede nacional do CDS-PP, em Lisboa.
“Hoje, talvez seja uma ocasião favorável para, pela primeira vez, ouvirmos alguns desses responsáveis responderem politicamente pela estratégia que defenderam, pelo programa que construíram”, bem como pela “dívida exorbitante que deixaram e pelos piores resultados de sempre que obtiveram”, salientou, defendendo que, “para projetar um futuro”, é preciso reconhecer os “erros” que levaram o partido a este estado.
“Respeito todos e aceito a opinião de cada um, mas não podia deixar de vos confessar que me parece muito irónico que os mais entusiastas do rumo anterior apareçam agora envergando o manto de benfeitores e de salvadores do partido, querendo correr com esta direção que se debate diariamente para reerguer o partido do estado em que o encontrou”, frisou também.
Numa intervenção de quase meia hora, à qual os jornalistas assistiram presencialmente, o presidente do CDS-PP defendeu que, ao longo do último ano, a sua direção teve de “começar a reerguer um partido que o rumo anterior deixou arruinado financeiramente, desacreditado e à mercê da concorrência de novas forças políticas à direita que favoreceu que surgissem pela primeira vez”.
“Sobre a gestão fracassada de quem guiou o partido até ao congresso de Aveiro e sobre o estado em que o encontrámos, nunca ouvimos uma única explicação”, lamentou.
Francisco Rodrigues dos Santos considerou também que “não tinha sido desejado nem querido pela nomenclatura do partido” e também “nunca” foi “aceite por ela como legítimo presidente do partido”.
“O facto de aqui estarmos hoje reunidos ilustra bem este meu ponto, parece que a vontade expressa dos militantes que me elegeram para um mandato de dois anos foi olimpicamente ignorada por um grupo cujo único propósito que o une é a vontade urgente de me derrubar, desde o primeiro dia, não é um projeto comum para o partido”, lamentou ainda, recusando que isso “valha mais do que as escolhas dos militantes” que elegeram esta direção no congresso de há um ano.
Insistindo que, ao longo do mandato, a sua postura passou por tentar unir o partido, o presidente do CDS-PP indicou que convocou e ouviu “todos”, mesmo “aqueles que tão acaloradamente” o criticaram no congresso e “voltaram a fazê-lo na praça pública”.
“Sempre tratei com absoluto respeito e lealdade todos os protagonistas do partido, e nem sempre tive a reciprocidade que se exigia. Manifestamente, não fui bem sucedido neste meu esforço de pacificação do partido, mas pelo menos tentei e não foi por mim que ele não aconteceu”, ressalvou.
Entre as críticas à ala que agora o desafia, e que é liderada por Adolfo Mesquita Nunes, antigo vice-presidente de Assunção Cristas, o líder centrista destacou que não abandonou o CDS “depois do pior resultado eleitoral da sua história”.
“Não fiz cálculos de algibeira, não disse que ou a minha eleição era naquele ‘timming’ ou já não estaria disponível para o meu partido. Não me escondi: apresentei-me a votos e fui eleito pelos militantes do partido para um mandato de dois anos. Aqui estou hoje uma vez mais a dar a cara, para honrar a missão que me confiaram”, advogou ainda.
Cerca de 250 membros do Conselho Nacional do CDS-PP estão reunidos desde as 12:10, por videoconferência, para discutir e votar uma moção de confiança à Comissão Política Nacional apresentada pelo líder, Francisco Rodrigues dos Santos, depois de o antigo vice-presidente Adolfo Mesquita Nunes ter proposto a realização de um congresso eletivo antecipado (antes das autárquicas) e ter anunciado que será candidato à liderança caso essa reunião magna aconteça.
Os trabalhos arrancaram à porta fechada, mas foram abertos aos jornalistas a partir das 15:45, após decisão do Conselho Nacional, estando a comunicação social a acompanhar a reunião na sede do CDS, em Lisboa, através de uma televisão.