O líder da bancada do PSD na Assembleia Municipal, João Granja despediu-se, ontem, da sua função de deputado municipal, “ao fim de mais de 35 anos de dedicação ininterrupta, desde os 23 anos, a esta causa pública que é servir a comunidade e os bracarenses na Assembleia”.
A declaração de despedida foi aplaudida de pé por toda a Assembleia e mereceu uma intervenção elogiosa do deputado municipal socialista, João Nogueira.
E mais afirmou João Granja: “Fi-lo com muito gosto e empenho, em registo pro bono, porque tal como a maioria dos que fazem parte deste órgão, as magras senhas de presença a que temos direito são doadas aos partidos que representamos”, afirmou, dizendo que “tal como Shakespeare, que o disse de forma feliz, também eu acho que toda a despedida é uma dor!”.
E sublinhou: “Mas faço-o de bem com a minha consciência e certo do dever cumprido”.
Prosseguindo, Granja declarou que “a Assembleia Municipal é muitas vezes atacada e maltratada como órgão autárquico de natureza parlamentar. Na maior parte dos casos por ignorância de quem o faz, ou por desconhecerem aquela que é a sua principal característica, de verdadeira “Casa do Diálogo” e o melhor espelho da Democracia no nosso concelho”.
Atirar pedras é fácil
Para o social-democrata, “também nestas matérias, sempre foi mais fácil atirar pedras do que ajudar a construir ou a melhorar”.
Em sua opinião, “a Assembleia Municipal de Braga, com todos os seus defeitos e limitações, que sabemos que existem, é, apesar de tudo, uma das melhores do país e podemos orgulhar-nos dela. Dos seus trabalhos em Plenário, das suas Comissões Permanentes, da forma como se relaciona com os cidadãos e de como acolhe e tramita as petições populares”.
Garantiu que sai “com o orgulho e o contentamento de ter contribuído, ainda que de forma humilde e modesta, para esta realidade que ainda tem muito para evoluir”.
“Mas temos de ser fiéis às nossas ideias, aos nossos princípios e escravos das nossas convicções. Se acreditamos e defendemos a renovação não nos podemos eternizar em funções. Temos de dar lugar a outros, aos jovens, a novas ideias, a novas práticas, a novos protagonistas que seguramente farão ainda melhor trabalho do que nós. Em política e na vida pública em geral é por vezes difícil entrar, mas nem sempre sabemos sair no tempo certo. Saio por vontade própria, não preveni ninguém que o ia fazer, para que não me tentassem demover desta minha intenção”, disse.
Sai sem estar zangado com ninguém
E continuando o discurso, disse: “Fico feliz por não sair zangado com ninguém e aproveito para pedir desculpa a alguém que ao longo destes anos, ou nalgum debate mais acesso, possa ter ofendido”.
“Quero dizer-vos que cresci e aprendi muito nesta casa. Muita gente merece a minha admiração, a começar pela tripla maravilha do PCP, o Tarroso Gomes avô, o Raul Peixoto e o José Manuel Mendes, o Manuel Sarmento que liderou de forma ímpar e brilhante a bancada do PS, o Marcelino Pires com quem tive o gosto de protagonizar bons debates”.
Granja deixou ainda “uma palavra para o Dr. Jaime Lemos que começou por ser o meu primeiro líder de bancada, um grande senhor, o Dr. Domingues que cumpriu exemplarmente essas funções durante muitos anos, o António Marques que foi sempre muito interventivo e, por último, o meu amigo Miguel Macedo a quem tive a honra e a responsabilidade de suceder”.
“Guardarei grata recordação do Dr. Sousa Fernandes, do António Braga e da Hortense Santos que sempre presidiram à Assembleia, cada um à sua maneira, mas sempre com elevação e um enorme espírito de serviço”, acrescentou.
“Estou grato a todos os senhores deputados municipais, mas em particular, ao Pedro Borges Macedo, do PPM, ao António Lima do Bloco, à Bárbara e ao Pedro Casinhas da CDU, ao João Medeiros do CDS/PP, ao João Nogueira e ao Pedro Sousa do PS pelo diálogo e pelo bom trabalho que desenvolvemos”, disse ainda.
Saudou também todos presidentes de Junta considerando-os “exemplos de dedicação e abnegação no serviço inestimável que prestam às suas comunidades e que nem sempre são reconhecidos”.