José Nuno Azevedo saúda peso do Braga na ‘Champions’

Foto: DR / Arquivo

O acesso do SC Braga à terceira pré-eliminatória da Liga dos Campeões, após 2010/11 e 2012/13, vem realçar uma futura candidatura ao título do terceiro colocado na I Liga 2022/23, avalia o ex-futebolista José Nuno Azevedo.

“É algo importante, que consolida uma ideia e aproxima o clube de uma meta que estará para alcançar a curto ou médio prazo, que é poder discutir o título de campeão nacional. Agora, sabemos das dificuldades e da diferença para os três adversários que, por norma, competem por estas posições e têm outras valências que o Sporting de Braga ainda não consegue ter”, reiterou à agência Lusa o ex-defesa dos ‘arsenalistas’, entre 1992 e 2003.

Os minhotos fecharam o pódio pela quarta vez em 67 participações no escalão principal, ao repetirem os dois terceiros lugares consumados em 2011/12 e 2019/20, que já tinham sido precedidos de um inédito vice-campeonato em 2009/10, a cinco pontos do Benfica.

“A classificação lograda esta época faz acreditar que é possível [ser campeão nacional] e puxa pela mobilização que a cidade necessita de ter para dar maior peso social ao clube. Penso que esse é um passo definitivo que se tem de conseguir para que o estádio esteja de forma regular com mais gente e o clube possa ser ainda mais difícil de bater”, apelou.

A equipa de Artur Jorge bateu os seus recordes absolutos de pontuação (78), de vitórias (25) e de golos (75) numa edição da I Liga, suplantando os 75 pontos, os 24 triunfos e os 74 tentos somados em 2017/18 com Abel Ferreira, atual técnico do campeão brasileiro Palmeiras.

“Quando os objetivos são concretizados, temos de considerar que a época foi positiva ao nível da ambição classificativa do clube. O SC Braga mostrou momentos de bom futebol, mas fica sempre essa sensação de que era possível ter feito um bocadinho mais. Recordo-me das derrotas [em casa] com Desportivo de Chaves e Casa Pia [ambas por 0-1, nas nona e 12.ª rondas, respetivamente], que, se tivessem dado resultados diferentes, poderiam ter proporcionado ainda mais qualquer coisa”, considerou José Nuno Azevedo.

Com 25 vitórias, três empates e seis derrotas, por entre 75 golos marcados e 30 sofridos, os ‘arsenalistas’ terminaram com nove pontos de diferença para o campeão Benfica e a sete do FC Porto, segundo classificado, mas com mais quatro do que o Sporting, quarto.

Em casa, o SC Braga impôs a primeira derrota da época às ‘águias’ (3-0, na 14.ª jornada) e empatou com ‘dragões’ (0-0, na 25.ª) e ‘leões’ (3-3, na primeira), por oposição às derrotas na Luz (0-1, na 31.ª), no Dragão (1-4, na oitava) e em Alvalade (0-5, na 18.ª).

“A equipa não conseguiu dar uma resposta positiva fora de casa contra os três ‘grandes’. De qualquer forma, não vejo que esses confrontos possam ser o fator determinante para que o clube não possa lutar pelo título, até porque os adversários também tiveram esses problemas. É um facto que esses três jogos criaram essa imagem, mas há outra que tem de ser valorizada: o Sporting de Braga foi tremendamente afirmativo em todos os outros jogos e, mesmo quando perdeu em casa, foi positivo e lutou para poder vencer”, admitiu.

Além da “mudança de discurso” implementada por Artur Jorge, que “definiu o pódio como objetivo” na sua primeira época completa na formação principal dos minhotos, à frente da qual já tinha estado na reta final de 2019/20, José Nuno Azevedo detetou uma “estrutura tática totalmente distinta” em relação às duas campanhas prévias com Carlos Carvalhal.

“Começou de forma muito plena com dois pontas de lança e um coletivo tremendamente ofensivo e goleador. Com essa derrota pesada sofrida no Dragão, houve um reajustar de ideias e uma forma de estar bem mais equilibrada, que foi permitindo à equipa manter-se competitiva. Depois, soube aproveitar e potenciar a dinâmica de vitória que o clube tem”, traçou o antigo companheiro de balneário de Artur Jorge nos ‘arsenalistas’, de 53 anos.

O ex-defesa nomeia como “atletas acima da média” o guarda-redes brasileiro Matheus, o médio líbio Al Musrati e o avançado internacional luso e capitão Ricardo Horta, melhor marcador de sempre do clube, com 110 golos em 325 jogos, repartidos por sete épocas.

“Naquilo que foi o mercado de janeiro, o SC Braga não saiu prejudicado com as trocas que fez. A saída do Vitinha, que era importante por tudo aquilo que dava à equipa, permitiu ter um Abel Ruiz diferente, dar um novo posicionamento ao Ricardo Horta e abrir espaço à entrada do Bruma, que foi ganhando forma para poder ser relevante”, lembrou.

Eliminado nos ‘quartos’ da Taça da Liga pelo Sporting (0-5 em Alvalade) e no play-off de acesso aos ‘oitavos’ da Liga Conferência Europa pela finalista Fiorentina (2-7 nas duas mãos), após o terceiro lugar no Grupo D da Liga Europa, José Nuno Azevedo reconhece que a conquista da Taça de Portugal ante o detentor do troféu FC Porto, no domingo, no Jamor, é “a cereja no topo do bolo” para os vencedores em 1965/66, 2015/16 e 2020/21.

“O clube tem de continuar a ganhar títulos e a afirmar-se de forma concreta no panorama nacional. Vai continuar a faltar o campeonato, mas, com vitórias atrás de vitórias, irá ficar mais perto dessa ambição. Se o SC Braga pode potenciar a sua época com uma vitória, o FC Porto minimiza o desfecho da I Liga se vencer a Taça de Portugal”, anteviu.

 
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