O grupo Jerónimo Martins diz que “ainda é cedo” para compreender “todas as consequências” da invasão da Ucrânia pela Rússia na região, mas estima, para já, um investimento de cerca de 850 milhões de euros este ano.
Em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a dona do Pingo Doce salienta que, “acrescendo à incerteza associada à evolução da pandemia de covid-19, a situação na Ucrânia intensifica os desafios que se antecipam”.
Na segunda semana após a invasão da Ucrânia pelas forças militares da Federação russa, “ainda é cedo para compreender todas as consequências sobre a região, sobre a Europa e sobre o mundo”, sublinha a Jerónimo Martins.
“O rápido aumento da inflação dos produtos alimentares, da energia e dos transportes, é intensificado pelo conflito militar e por crescentes limitações sentidas nas cadeias de abastecimento internacionais” e, além disso, “verifica-se uma visível depreciação das moedas da Europa de Leste, nomeadamente do zloty”.
Por isso, acrescenta, “a flexibilidade e a agilidade de resposta perante circunstâncias particularmente exigentes continuarão a caracterizar a atitude das nossas equipas que têm revelado uma notável mobilização para ajudar os refugiados”.
A Jerónimo Martins aponta que neste contexto, de maior inflação alimentar, “a competitividade de preço e a criação de oportunidades de poupança para o consumidor através da atividade promocional tornam-se ainda mais críticas na agenda” de todas as empresas do grupo.
“A força do nosso balanço é fundamental, principalmente em tempos de incerteza” e “embora as circunstâncias atuais não aconselhem acelerar decisões em relação a futuros caminhos de crescimento, mantemos a flexibilidade financeira necessária para o fazer, sem comprometer a execução do plano de investimento para o ano (cerca de 850 milhões de euros) e o pagamento de dividendos proposto à assembleia-geral”, sublinha.
A cadeia de supermercados polaca Biedronka, destaca, “está consciente das dificuldades acrescidas de gerir o equilíbrio entre o crescimento das vendas e a proteção da rentabilidade”, sendo que “nas atuais circunstâncias, a sua principal prioridade é estar ao lado dos consumidores polacos e fazer justiça à promessa da insígnia num momento de diminuição do rendimento disponível das famílias”.
E, apesar de ainda não se perceber o impacto da invasão da Ucrânia pela Rússia, “particularmente no alcance da inflação de custos, a Biedronka está preparada para reforçar o seu investimento em preço e garantir a sua competitividade, o que irá aumentar a pressão sobre as margens”, prossegue.
Atualmente, a Biedronka espera “poder manter o seu plano de expansão” para este ano e abrir cerca de 130 lojas e um novo centro de distribuição, bem como remodelar cerca de 350 localizações.
“No entanto, a situação atual exige uma monitorização ainda mais rigorosa e uma maior capacidade de adaptação”, pelo que “iremos, de forma contínua, reavaliar as necessidades e prioridades, garantindo que o nosso primeiro objetivo na Polónia é atingido: trabalhar com os nossos fornecedores para ultrapassar prováveis constrangimentos na cadeia de abastecimento e continuar a ser a loja alimentar preferida dos Polacos, enquanto apoiamos o esforço polaco para ajudar o povo ucraniano”, refere.
A cadeia de saúde e bem-estar polaca Hebe, “a par da consolidação da rede de lojas (abertura cerca 30 lojas em 2022)” irá continuar focada “no crescimento da sua operação ‘online’”.
No mercado português, o Pingo Doce “alavancará a sua estratégia de crescimento nas categorias de frescos, com particular destaque para soluções de comida pronta onde tem vantagens competitivas evidentes e o suporte de duas cozinhas centrais e de equipas profissionais dedicadas”. Está previsto inaugurar cerca de 10 novas lojas e remodelar cerca de 30 localizações este ano.
O Recheio “continuará a beneficiar da recuperação do canal HoReCa [Hotéis, Restaurantes e Cafés] que se espera que ganhe dinamismo com alguma recuperação do turismo, estando prevista a abertura de uma loja bandeira em Cascais”.
Na Colômbia, a Ara “começa o ano numa de posição de liderança de preço” e este ano “o foco será trabalhar para ser a loja preferida do consumidor, através da aposta numa política de preços competitivos e promoções oportunas e bem desenhadas”, adianta a Jerónimo Martins.
A Ara espera terminar o ano “com uma rede de mais de 1.000 lojas e alavancar no bom desempenho de vendas para melhorar a sua rentabilidade”.
O lucro da Jerónimo Martins subiu 48,3% no ano passado, face a 2020, para 463 milhões de euros.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou pelo menos 406 mortos e mais de 800 feridos entre a população civil e provocou a fuga de mais de dois milhões de pessoas para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.