Nove tripulantes de uma embarcação de pesca estão isolados no porto de Viana do Castelo depois de dois deles terem testado positivo para a covid-19. Seis elementos são de nacionalidade indonésia e os outros três são portugueses, residentes na Póvoa de Varzim. Um décimo elemento foi evacuado ainda no alto mar quando apresentava sintomas graves da doença.
Em declarações a O MINHO, o comandante Rui Silva Lampreia, da capitania de Viana do Castelo, explicou que um dos dez tripulantes da embarcação “Nossa”, de Viana do Castelo, apresentou sintomas graves da covid-19 enquanto andavam à pesca. Esse tripulante, de nacionalidade indonésia, foi rapidamente evacuado e já se encontra em casa, livre de perigo.
No entanto, dois outros tripulantes, também de nacionalidade indonésia, testaram positivo à doença, motivo pelo qual as autoridades de saude decidiram prolongar o isolamento a que já estavam sujeitos (no alto mar), mas desta vez atracados no porto de Viana, isto já desde o passado dia 18 de dezembro.
De acordo com o comandante do porto, a tripulação tem sido regularmente testada, e apenas existem esses dois casos, mas ainda não foram dados como recuperados pelo que toda a tripulação está em isolamento (e ali passou o Natal). O armador e proprietário do barco tem providenciado as condições para que os funcionários possam ali sobreviver enquanto aguardam novas indicações do delegado de saúde da ULSAM.
Já os pescadores portugueses, residentes na zona de Vila do Conde e Póvoa de Varzim, manifestaram esta tarde toda a sua indignação e revelaram ter receio de também ficarem infetados e com sintomas que possam ser graves.
Em conversa telefónica com O MINHO, João Braga, um dos tripulantes em isolamento, de Vila do Conde, afirma não perceber porque é que são mantidos junto com os outros dois colegas indonésios que estão positivos, com quem partilham, por exemplo, a casa de banho e o chuveiro. E quer voltar para casa “o mais rápido possível”, pois está “a 45 minutos” e, lá, poderá também ficar isolado.
O pescador explica que quando o barco saiu de Vigo, no início de dezembro, já haviam comentado que um dos elementos indonésios apresentava “uma cara fraca, como se tivesse covid”. “Foi tiro e queda. Tinha mesmo, porque passou para o outro colega dele, que começou a sentir-se muito mal, e teve de vir um helicóptero fazer o resgate”, confirmou, lamentando que só 15 dias depois de estarem no alto mar é que a doença se manifestou.
“Agora estamos aqui há oito dias, no Porto, temos comida porque já estávamos abastecidos para dois meses que íamos estar no mar, mas das autoridades de saúde só nos dizem se estamos positivos ou negativos, não nos dizem mais nada, nem uma palavra de consolo nem nos explicam o que se está a passar, sequer”, afirma o pescador, que foi um dos privilegiados a ter direito a ver a família na consoada de Natal. Mas à distância.
“O problema não é passar o Natal longe da família, já era isso que íamos fazer porque andávamos no mar, mas agora tudo mudou e estamos aqui tão perto, não percebo porque não nos libertam”, concluiu.