Declarações no final do jogo Benfica-Gil Vicente (1-2), da 27.ª jornada da I Liga portuguesa de futebol, disputado no Estádio da Luz:
– Ricardo Soares (treinador do Gil Vicente): “Os jogadores fizeram uma grande primeira parte e a vitória é inteiramente justa. Quisemos vir cá e jogar o jogo pelo jogo. Na primeira, conseguimos, na segunda, não conseguimos, por mérito do Benfica. Tivemos muitas vezes de fazer bloco médio e até bloco baixo. Houve muito mérito do Gil Vicente e às vezes não se dá, porque o Benfica é um colosso.
O segredo esteve em jogadores que trabalharam imenso durante a semana, que acreditaram numa filosofia e a interpretaram na perfeição. Acabou por ser importante demonstrar esta competência. É um grupo fantástico e hoje é o corolário do que eles têm vindo a fazer. Estamos inseridos num conjunto de equipas a lutar pela manutenção, ainda vamos sofrer muito e só trabalhando com muito foco vamos ultrapassar estas dificuldades. Temos humildade suficiente para perceber que vamos ter de sofrer muito.
Estávamos identificados com o Benfica e com o que ia fazer. A estratégia foi arrojada – apostar claramente numa primeira fase de construção forte, porque sabíamos o perigo que corríamos aí. Quisemos trabalhar, acreditar e o jogo passava muito por ultrapassar aquela linha. Fizemo-lo com uma assertividade incrível. O Benfica é enorme, está num excelente momento e tivemos a estrelinha dos audazes. Acabámos por ser felizes e agora vamos trabalhar para o próximo jogo, porque este só vale três pontos.
[Antijogo?] Não comento opiniões de colegas meus. Respeito a opinião, mas a minha opinião é totalmente diferente. Não vi nenhuma situação disso. E seis minutos de descontos foi mais do que suficiente para aquilo que o jogo produziu. O Gil Vicente jogou olhos nos olhos, quis discutir o resultado ‘sem autocarros’, fomos dignos, sérios e merecemos respeito”.– Jorge Jesus (treinador do Benfica): “Não estávamos à espera, é um resultado que nos atrasa nos nossos objetivos e na nossa recuperação. Houve dois ‘Benficas’: na primeira parte, a primeira fase de pressão não conseguiu anular o Gil Vicente, que conseguiu sair com alguma facilidade. Isso obrigou-nos a correr muito mais para trás do que é habitual e o Gil acabou por conseguir marcar primeiro. Na segunda parte, fomos uma equipa mais pressionante, chegámos com mais facilidade a zonas de finalização, sempre com um Gil Vicente bem organizado, poderoso no jogo aéreo e que jogou um futebol positivo. Foi uma equipa bem organizada, procurou disputar o jogo, teve algum mérito e o Benfica não conseguiu dar a volta, nem ao resultado, nem à equipa do Gil Vicente.
Este jogo tirou-nos a ideia e a sensação de que não perdendo jogo nenhum poderíamos pensar noutros objetivos, mas teria de ser sempre jogo a jogo. Esta derrota atrasou a recuperação, mas faltam ainda algumas jornadas para disputar muitos pontos. Estamos dependentes, temos de ir à procura da classificação que nos possa permitir passar para segundo classificado. Não é mandar a toalha ao chão, temos de ser práticos e não teóricos: esta derrota tirou-nos essa crença de ainda poder atingir outras posições.
Não foi por jogarmos com três centrais [que o Benfica perdeu], teve muito a ver com a nossa primeira fase de pressão. Depois de acabar o jogo, face ao que temos vindo a fazer com dois sistemas, pensámos que o melhor era o que tínhamos feito nos últimos dois jogos, em Braga e Paços de Ferreira, onde fomos muito fortes. Não estou arrependido, porque não é por termos jogado com três centrais que não fomos tão fortes. Voltámos a cometer alguns erros e, por mérito e alguma sorte, o Gil Vicente acabou por fazer dois golos”.