Um livro para sempre e uma caminhada inesquecível pelo Gerês é aquilo que propõe Luís Borges, fotógrafo da natureza que há duas décadas percorre o único parque nacional português, com um ativo de cerca de 650 incursões pela serra e o espólio peculiar que resume na sua mais recente obra individual que se intitula “In Cantos Serranos”, acabada de publicar.
Luís Borges, com o apoio da Almalusa Editora, arrancou para mais um desafio, mas a grande novidade é que à aquisição do livro de fotografias, a ser encomendada até ao próximo dia 03 de novembro (mais informações aqui), incluirá uma caminhada pelo Gerês, com o próprio autor, pelos encantos serranos, num percurso à escolha de quem quiser acompanhá-lo numa das suas incursões.
“‘In Cantos Serranos’ tem o melhor das minhas incursões pelo Parque Nacional da Peneda-Gerês. Nos últimos vinte anos, tenho vindo a registar o que de mais belo encontrei nas cerca de 650 caminhadas que realizei no território, captando milhares de imagens e, com o apoio da Almalusa editora, selecionei aquelas que considero mais interessantes para serem perpetuadas e disponibilizadas, já em formato de livro, aos menos apreciadores do digital”, afirma o autor.
Luís Borges explicou a O MINHO ter arrancado para esta nova etapa “incentivado por vários amigos, colegas de trabalho, companheiros de caminhada e seguidores do [seu] trabalho fotográfico, tendo selecionado 130 imagens, que refletem o [seu] olhar sobre o nosso único parque nacional e as gentes, a fauna, a geologia, a flora e as [suas] vivências no Gerês”.
“No final do livro, além de fotos a cores e a prato e branco, de uma forma sucinta, apresento algumas notas de campo sobre toponímia, fauna, flora, património, tradições, que fui recolhendo ao longo das minhas incursões por estas serranias geresianas”, diz Luís Borges, de 51 anos, professor de Educação Visual no Agrupamento de Escolas de Terras de Bouro.
Nascido em Angola, mas desde tenra idade vindo para Portugal, onde passou a infância e a juventude numa aldeia junto da Serra de Bornes, em Macedo de Cavaleiros, no distrito de Bragança, este transmontano rendido aos encantos do Gerês, já publicou “Norteando” com Amadeu Ferreira, o grande responsável pelo mirandês como a segunda língua portuguesa.
A erudição adquiriu-a não só, mas também, no Seminário de Vinhais, sendo sobrinho de um sacerdote católico que de Angola trouxe uma máquina fotográfica comprada a um repórter de guerra e depois a ofereceu a Luís Borges, que nos primeiros tempos da infância, a pastorear, não tendo qualquer aparelho, era desenhando que “fotografava” a Serra de Bornes.
Depois da sua licenciatura na Escola Superior de Educação de Bragança, Luís Borges veio para o Minho, estando desde 2003 como professor em Terras de Bouro, mas nunca abdicando da sua “terapia” de subir à Serra do Gerês, quase sempre sozinho, qual lobo solitário, procurando sempre interferir o menos possível no equilíbrio do belo ecossistema geresiano.
Luís Borges revelou a O MINHO “ter iniciado a fotografia com figuras humanas e os caretos transmontanos”, mas com a sua colocação em Terras de Bouro encontrou “um privilegiado campo de atuação nas zonas montanhosas do Gerês”, o que faz no intervalo da atividade letiva, em Moimenta e Rio Caldo, “subindo à serra, vencendo escaladas e intempéries”.
Só que Luís Borges, naquele cenário de penedia, “ao descer, em vez de animal morto, como um caçador afortunado, traz fotografias vivas, como um animal selvagem, olhando para a câmara, agressivo ou temeroso, resplandecente lírio do Gerês, ribeiros, rochedos e paisagens deslumbrantes” com exposições individuais e coletivas como no Museu da Imagem.