Um guarda do Destacamento Territorial de Braga da GNR começou a ser julgado na quarta-feira por ter ameaçado de morte uma juíza e as duas filhas da magistrada, bem como dois procuradores da República da Comarca de Vila Verde, desde que foi condenado com a intervenção dos magistrados, num caso em que terá puxado da arma de serviço contra um vizinho, em Atiães, Vila Verde.
O militar, Carlos Pereira Lima, com 38 anos, em prisão domiciliária, no concelho de Vila Verde, responde perante um Tribunal Coletivo, no Palácio da Justiça de Braga, devido às acusações de crimes de perseguição agravada e de difamação agravada contra a juíza Alda Sá Faustino e dois procuradores da República, Ana Isabel Peixoto e Nuno Filipe Ferreira, tendo optado por não prestar declarações durante o julgamento, pelo menos na fase inicial.
Carlos Lima foi ainda alvo de um processo disciplinar a decorrer já na Inspeção-Geral da Administração Interna, tendo sido desarmado, pela própria GNR, que o escoltou sempre da sua residência para o Tribunal de Braga, onde compareceram vários militares da GNR, indiciados como testemunhas, para além da psicóloga que o seguia, Sílvia Monteiro, que face às intenções anunciadas pelo guarda-republicano de atentar contra a vida em especial da juíza Alda Sá Faustino, da Comarca de Vila Verde, deu conhecimento de imediato aos magistrados visados, levantando assim o segredo profissional, como disse no julgamento.
Os três magistrados, igualmente inquiridos pelo Tribunal de Braga, confirmaram as várias ameaças sofridas, bem como as perseguições nas redondezas do Palácio da Justiça de Vila Verde, inclusivamente no restaurante que frequentavam, bem como a permanência quase diária em julgamentos em que intervinham, sem que o guarda da GNR tivesse interesse a nível direto nessas mesmas audiências, uma situação confirmada pelo secretário judicial, Joaquim Nogueira, bem como pela escrivã, Rita Peixoto, durante a fase de inquérito, que foi conduzida no Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Viana do Castelo e cargo do procurador da República João Vasco Araújo, que depois formulou a acusação.