O jornal britânico The Guardian destacou, numa reportagem publicada no início deste ano, os Garranos que habitam as serras do Minho e o seu novo “trabalho” de ‘sapadores florestais’.
A publicação destaca a longevidade da raça de cavalos que foi domesticada há mais de 16 mil anos, mas que entrou em declínio em meados do século XX. A mecanização da agricultura tirou-lhes uma função no ecossistema rural e atualmente apenas existirão entre 1.5000 e 3.000 exemplares.
Contudo, como mostra a reportagem em Vieira do Minho, na Serra da Cabreira, os Garranos ganharam uma função de combate aos incêndios florestais ao comerem a matéria combustível dos montes.
É destacado o programa de colaboração entre a elétrica REN, a autarquia de Vieira do Minho, a Associação de Criadores de Equinos da Raça Garrana (ACERG) e a Associação Para o Ordenamento da Serra da Cabreira (APOSC).
No âmbito desta iniciativa, a REN responsabilizou-se por criar um sistema de pastagens melhoradas, bebedouros e pela colocação de GPS nos garanhões e éguas dominantes.
O objetivo é que os animais não se desloquem para zonas mais perigosas à procura de alimento, enquanto fazem a limpeza da vegetação (diariamente de cerca de sete mil quilos), reduzindo substancialmente o risco de incêndio rural.
A iniciativa conta com o apoio da APOSC, que através das suas equipas de sapadores florestais complementa o trabalho que não for executado pelos Garranos nos corredores das Linhas de Transporte de Energia da REN.
A preservação desta raça ibérica milenar está também ligada à preservação da biodiversidade, nomeadamente da presença do maior carnívoro português – o lobo ibérico. Os defensores do Garranos, ouvidos na reportagem, destacam o património genético que se perderia se esta espécie não for protegida.
“Estaríamos a perder toda essa herança genética muito importante”, diz José Leite, veterinário na ACERG.
E acrescenta: “Se os Garranos desaparecessem, as matilhas de lobos nas montanhas desapareceriam”.