Cerca de meia centena polícias de serviço concentraram-se às 15:00 de hoje em frente à esquadra da PSP de Guimarães para demonstrar união e protestar por melhores condições salariais e de trabalho.
Além de polícias da PSP, há também militares da Guarda Nacional Republicana. Como O MINHO noticiou, a “pausa” decorreu também em Barcelos.
O presidente do Sindicato Nacional de Polícia (Sinapol), Armando Ferreira, disse à Lusa que a concentração coincidiu com a mudança de turno dos polícias.
Também o presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP), Paulo Santos, confirmou à Lusa as várias concentrações pelo país, sublinhando que foram espontâneas e contaram com a adesão de militares da GNR, que se juntaram em frente aos postos da Guarda.
Durante a hora de almoço de hoje, também várias dezenas de polícias, muitos deles fardados, concentraram-se de forma espontânea junto à Direção Nacional da PSP e ao Comando Metropolitano de Lisboa (Cometlis), em solidariedade com os protestos por melhores condições salariais e de trabalho.
Pelo quarto dia consecutivo, os polícias da PSP voltam hoje a concentrar-se em frente ao parlamento, numa iniciativa que começou com um agente da PSP em frente à Assembleia da Republica, em Lisboa, e está a mobilizar cada vez mais elementos da PSP, bem como da GNR e da guarda prisional.
O protesto foi também concretizado com a paragem de vários carros de patrulha da PSP, principalmente no Comando Metropolitano de Lisboa (Cometlis), alegando os polícias que estavam inoperacionais e com várias avarias.
A contestação dos elementos da PSP e da GNR teve início após o Governo ter aprovado em 29 de novembro o pagamento de um suplemento de missão para as carreiras da PJ, que, em alguns casos, pode representar um aumento de quase 700 euros por mês.
Estes protestos surgiram de forma espontânea e não foram organizados por qualquer sindicato, apesar de existir uma plataforma, composta por sete sindicatos da PSP e quatro associações da Guarda Nacional Republicana, criada para exigir a revisão dos suplementos remuneratórios nas forças de segurança.
Esta plataforma decidiu cortar totalmente as relações com o Ministério da Administração Interna.
Como O MINHO tem noticiado, noutras localidades do Minho, como Braga e Viana do Castelo, também se têm realizado vigílias de polícias, às quais também se juntam elementos da GNR e da Guarda Prisional.
As vigílias começaram depois de, no domingo, um agente da PSP de Lisboa, Pedro Costa, colocar-se à porta da Assembleia da República, em Lisboa, ocorrendo em todo o país uma onda de solidariedade para com aquele polícia.
O vídeo que serviu de rastilho
Pedro Costa, de 32 anos de idade, com cinco anos de serviço no Comando Metropolitano da PSP de Lisboa (COMETLIS), fez um vídeo, expondo a situação dos polícias, que chegou a milhares de profissionais da PSP, GNR e Corpo da Guarda Prisional.
Aquele agente da PSP afirmou ser, assim como os seus camaradas, “um escravo do trabalho e mal pago, entre o nosso serviço normal e serviços remunerados os políticos têm de perceber que temos um problema grande, que são os nossos vencimentos”.
“Temos sido negligenciados e não há vontade dos nossos políticos para alterar a situação, considerando igualmente que os profissionais das forças de segurança neste ano continuarão com os vencimentos ‘low-cost’”, o que lamentou durante o vídeo.
“Podemos manter a mesma estratégia, de comunicados e frases bonitas, mas vamos sempre colher os mesmo frutos”, refere o mesmo polícia, que enaltece o papel de todos os sindicatos, mas entendeu que devia dar um passo em frente com a sua vigília.
“Ou mostramos descontentamento pelos nossos salários indignos e injustos, o que podemos fazê-lo de uma forma abrutalhada, faltando e paralisando o serviço”, refere, interrogando-se se “não será esta a única solução para que finalmente nos ouçam?”.
O movimento inorgânico que partiu do jovem agente policial, Pedro Costa, teve como gota que fez transbordar a taça o facto do subsídio de risco ter sido atribuído recentemente aos elementos da Polícia Judiciária, mas não a mais nenhuma força policial.
Sem colocar o merecimento daquele subsídio para os profissionais da PJ, o agente Pedro Costa entendeu ser hora de denunciar o facto de os agentes da PSP, os militares da GNR e do Corpo da Guarda Prisional também o merecerem e dele necessitarem.
A forma sistemática como aquele agente da PSP de Lisboa elaborou mapas comparativos dos vencimentos das diversas forças de segurança e o modo como se dirigiu aos seus camaradas originou uma onda de vigílias em todo o país.
Diretor nacional solidário
O diretor nacional da PSP manifestou hoje aos sindicatos que está solidário com os protestos dos polícias, disse o presidente do Sindicato Nacional dos Oficiais de Polícia, avançando que a contestação vai continuar.
“Esta reunião serviu acima de tudo para o diretor nacional, pessoa que nos dirige, mostrar efetivamente, confirmar e reforçar aquele que é o espírito de solidariedade que tem para com esta luta, que também não deixa de ser uma luta do diretor nacional, sendo ele o diretor de todos os polícias”, disse aos jornalistas Bruno Pereira.
O diretor nacional da Polícia de Segurança Pública, José Barros Correia, esteve hoje, durante cerca de duas horas, reunido com os seis sindicatos da PSP mais representativos, numa altura em que os polícias estão em protesto por melhores condições salariais e de trabalho.
Estas ações tiveram início num movimento inorgânico que surgiu dentro da PSP contra o subsídio de risco atribuído pelo Governo apenas à Polícia Judiciária.
No final da reunião de hoje, o presidente do SNOP precisou que o diretor nacional procurou deixar uma mensagem de apoio aos polícias.
Questionado se Barros Correia pediu aos sindicatos para pararem com os protestos, Bruno Pereira afirmou que o diretor nacional da PSP “não ia fazer tal coisa, nem faria sentido pedir, num momento em que a luta é justa, atual e tem de continuar a ser discutida”.
*Com Lusa