A feirinha solidária que decorreu em Barroselas, Viana, no sábado, para ajudar o pequeno Martin a pagar tratamentos médicos, foi um verdadeiro “feirão”, angariando no total cerca de 15 mil euros, disse a O MINHO uma das organizadoras.
Por entre vendas e doações, um dos momentos altos foi o leilão, com um casaco de Manuel Luís Goucha (oferecido a leilão pelo padre Ricardo Esteves), a ser vendido por 500 euros. Também um chapéu de Augusto Canário foi licitado pelo valor de 100 euros.
No total, em termos gastronómicos, foram vendidos 26 barris de cerveja e mais de 100 quilos de carne.
Sónia Rocha, organizadora, disse a O MINHO, em jeito de balanço, que a feira “correu melhor do que o esperado. “Houve muita gente a aparecer, nem sequer tivemos meia hora para parar, foi uma autêntica correria desde o início da manhã até às 04 horas da madrugada”, contextualizou.
A responsável, que teve a ideia de organizar esta feira depois de a filha contar o que tinha acontecido com a criança de Caminha, adiantou ao nosso jornal que a quantia monetária já foi entregue aos pais de Martin, e que a mesma servirá para pagar um tratamento com células estaminais, “que é muito caro”.
“Estamos muito agradecidos a toda a gente que apareceu e colaborou. Foi um dia fantástico onde a solidariedade falou mais alto”, concluiu Sónia Rocha.
Grave acidente de viação
Um grave acidente de viação em 16 de dezembro de 2020 deixou o pequeno Martin, de 12 anos, incapaz de andar ou falar, depois de a viatura onde seguia ter sido abalroada na passagem de nível de Lampejão, freguesia de Moledo e Cristelo, em Caminha, por um comboio inter-regional que fazia a ligação entre Valença e Viana do Castelo.
Esteve nove meses em coma e agora vive ligado a uma máquina de apoio respiratório, encontrando-se dependente para todas as funções normais do dia-a-dia. A família precisa de ajuda para conseguir financiar os tratamentos.
O caso foi exposto pela própria família através da plataforma GoFundMe, um serviço de angariação de fundos online que se dedica sobretudo a causas solidárias de pessoas que necessitam de ajuda para pagar tratamentos médicos ou a nível de educação.
Na nota explicativa publicada no portal, onde o texto é escrito na primeira pessoa e assinado pela criança, é dito que o acidente terá ocorrido por negligência da mãe de um amigo que lhe dava boleia naquela noite, e não terá parado numa passagem de nível sem guarda quando o comboio estava próximo. É referido ainda que a sinalização estava a funcionar corretamente, mas mesmo assim terá passado com a viatura.
Na altura, conforme noticiou O MINHO, fonte da GNR adiantou que “ainda no local a criança foi sujeita a manobras de reanimação, tendo sido transportada ao hospital de Santa Luzia”, na capital do Alto Minho, passando depois para uma Unidade de Cuidados Intensivos (UCI) num hospital do Porto, entrando em coma.
“O ferido grave, que seguia no banco traseiro da viatura, é amigo da criança de 11 anos que seguia, na frente, ao lado da mãe, condutora da viatura. Mãe e filho não sofreram ferimentos, mas a mulher foi transportada ao hospital de Viana do Castelo para receber assistência psicológica”, especificou a fonte da GNR.
A Infraestruturas de Portugal garantiu que “tanto os sinais sonoros como o mecanismo que aciona as barreiras da passagem de nível funcionaram”.
Martin era muito ativo antes do acidente. Praticava futebol, surf, ciclismo e natação, tocava piano e bateria. Ficou com ferimentos graves a nível cerebral e cervical, incapaz de andar e falar. Esteve nove meses em coma e agora é dependente de uma máquina 24 horas por dia.
Os custos para os pais são vários e os apoios estatais escassos. Precisa de equipamentos especializados, como uma cadeira de rodas e uma cadeira de banho, por exemplo. Somente a cadeira de rodas custa 9 mil euros.