O ex-presidente de uma coletividade de Vila Verde, a Associação Cultural, Desportiva e Recreativa de Oleiros (ACDRO), João Gomes de Araújo, foi ilibado pelo Ministério Público, por falta de fundamento de todas as denúncias contra si dirigidas.
João Gomes de Araújo foi presidente da ACDRO, de Vila Verde, durante cerca de 15 anos, entre 15 de junho de 2006 e meados de junho de 2022, tendo o presidente, António de Sousa Silva, entendido que o seu antecessor escondeu informações e documentos relevantes.
Face às denúncias formais, o Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) da Comarca de Vila Verde, o entendimento do Ministério Público foi diferente, arquivando integralmente o processo, por não haver infidelidade, nem abuso de confiança.
O novo presidente da coletividade vilaverdense, António de Sousa Silva, sustentava, na denúncia, que João Gomes de Araújo teria ficado com parte das verbas recebidas, enquanto este não só negava, como ainda denotava desgosto com tais insinuações.
António de Sousa Silva baseou a sua queixa no Ministério Público em face das dívidas com que foi confrontada a nova direção, perante a Autoridade Tributária e Aduaneira (Finanças), Associação de Futebol de Braga e Câmara Municipal de Vila Verde.
A única acusação que João Gomes de Araújo reconhecia e mantém, segundo declarou, foi à saída do seu último mandato, ter ficado na sua posse com uma taça do INATEL, para recordação, mas que a devolveria logo à associação, caso esta o entendesse.
João Gomes de Araújo, que não chegou sequer a ser constituído arguido, pelo Ministério Público, já aquando das declarações que prestou, afirmou que durante cerca de 20 anos geria o clube praticamente sozinho, porque os outros dirigentes se afastaram.
“Tive de adiantar dinheiro do meu próprio bolso”
Segundo a versão do antigo presidente da coletividade de Oleiros, em Vila Verde, ao longo de duas décadas, “os apoios eram poucos e as despesas eram maiores”, pelo que, pelo contrário, “muitas vezes tive de adiantar dinheiro do meu próprio bolso”.
Acerca da inexistência de uma conta bancária titulada pela Associação Cultural, Desportiva e Recreativa de Oleiros (ACDRO), João Gomes de Araújo justificou-a com o facto de esta coletividade vilaverdense ter movimentos financeiros muito reduzidos.
Reiterando “ser mentira” que alguma vez se tivesse apropriado de qualquer verba da associação em seu proveito pessoal, João Gomes de Araújo, enquanto as dívidas “se ficaram a dever ao facto de não haver liquidez financeira suficiente para as saldar”.
Ministério Público iliba ex-dirigente
No seu despacho de arquivamento, o Ministério Público de Vila Verde constata que “sendo verdade que entre 2013 e 2021 a ACDRO recebeu da Junta de Freguesia de Oleiros e da Câmara de Vila Verde próximos de 60 mil euros, também é verdade que a atividade desportiva e a própria manutenção da associação geram despesas, mas as quais não foi possível contabilizar”.
Segundo o Ministério Público, “é do conhecimento público que nem mesmo os grandes clubes logram a realização de lucros, não se pode afirmar” que João Gomes de Araújo “tenha utilizado para seu proveito próprio as verbas destinadas à associação”.
“E menos ainda se pode afirmar que enquanto teve o leme da associação dolosamente não satisfizesse as suas dívidas, de modo a provocar-lhe importante prejuízo patrimonial”, pois “com efeito impossível se torna a hipótese de tais dívidas se traduzirem na impossibilidade objetiva das receitas geradas fazerem face às suas despesas”, ainda segundo considera o Ministério Público.
Advogado considera justa a ilibação
O advogado João Araújo da Silva, defensor do antigo dirigente associativo, congratulou-se com “o despacho de arquivamento integral do MP de Vila Verde”, considerando “ser justa” a sua ilibação, porque “a queixa não tinha um mínimo de fundamento”.
Segundo o mesmo causídico “a queixa, apresentada na antevéspera do Natal de 2022, não tinha qualquer fundamento e o MP considerou ter-se tratado apenas e só de meras suspeições e ilações, isto é, uma mão cheia de tudo e outra mão cheia de nada”.