É durante o mês de junho que ocorrem o maior número de avistamentos de vacas-louras (Lucanus cervus) em Portugal, espécie classificada no Livro Vermelho pela União Internacional para a Conservação da Natureza como “Quase Ameaçada” na Europa, mas “Pouco Preocupante” no contexto mediterrânico.
Nem sempre é fácil encontrar este tipo de invertebrado, que prefere locais mais rurais, afastados das pessoas. Mas caso aviste alguma, pode registar o momento em fotografia e enviar os dados para a plataforma VACALOURA.pt, projeto de conservação de natureza e educação ambiental com foco na aquisição de informação sobre este escaravelho, o maior de Portugal.
É o maior escaravelho de Portugal
Este escaravelho, o de maior dimensão em Portugal, tem sido alvo de um cadastro a nível nacional através do projeto VACALOURA.pt, coordenado pela Associação Bioliving em parceria com a Unidade de Vida Selvagem do Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro, com a Sociedade Portuguesa de Entomologia e com o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas.
Os machos, com mandíbulas em forma de pinça, chegam a medir 5,3 centímetros, sem contar com as mandíbulas. Com estas, podem atingir os oito centímetros. Já as fêmeas são mais pequenas, podendo atingir os 4,1 centímetros, são mais brilhantes e têm o tórax mais negro e o abdómen e as pinças acastanhadas.
Os machos têm mandíbulas extensas e podem atingir mais de 5 centímetros de comprimento de corpo
As fêmeas não têm mandíbulas longas e o máximo que medem é cerca de 4 centímetros
Segundo os autores do projeto, o objetivo do mesmo passa por “compilar e organizar informação enviada pelos cidadãos sobre a distribuição e estado das populações da Vaca-Loura e dos restantes escaravelhos da família Lucanidae em Portugal, de forma a colaborar na Rede Europeia de Monitorização da Vaca-Loura que por sua vez pretende averiguar o estado de conservação desta espécie na sua área de distribuição”.
O projeto tem uma forte componente de educação ambiental, para disseminar e sensibilizar para a importância da madeira morta nos ecossistemas florestais, da biodiversidade associada a estes habitats e de como é possível ajudar a conservar estes ecossistemas através da ajuda do cidadão comum.
Dependem dos carvalhos e dos castanheiros
Segundo o site Vacaloura.pt, esta espécie depende de árvores antigas, de folha caduca como o carvalho-alvarinho ou o castanheiro, árvores autóctones da região interior do Minho.
Normalmente encontram-se nos ramos altos das árvores e podem ser predados por aves devido ao seu elevado valor nutritivo, refere o mesmo portal.
Larvas comem madeira morta
As larvas de vaca-loura vivem nas raízes de árvores antigas durante mais ou menos 3 anos, onde se alimentam de madeira morta. Ao fim dos três anos, o macho sofre a metamorfose e vive durante um mês, acasalando e morrendo de seguida.
Geralmente aparecem na primavera tendo o pico de atividade durante os meses de junho e julho. Já as fêmeas são vistas até setembro, pois sobrevivem mais tempo de forma a colocar ovos para assegurar a continuidade da espécie.