Está a nascer um novo museu militar em Guimarães, obra da Associação de Veteranos Lanceiros de Portugal (AVLP), que reúne ex-militares das especialidades de Polícia do Exército e Polícia Militar e tem sede na Cidade Berço. Vai ser instalado num conjunto de salas cedidas pela Misericórdia, nas instalações do antigo hospital de Guimarães.
O protocolo entre as duas instituições foi firmado entre o provedor da Misericórdia local, Eduardo Leite e o presidente da AVLP, Fernando Rego, no início de março. “Logo a seguir à assinatura do protocolo, entramos em confinamento e, desde essa altura, uma série de problemas relacionados com a situação sanitária, fizeram com que o processo estivesse suspenso. Tivemos, inclusivamente, membros da AVLP a cumprir isolamentos profiláticos”, informa Fernando Rego.
Neste momento, o museu está em fase final de instalação. “A Associação tem um acordo com a Câmara Municipal, que irá ajudar a custear a instalação”, afirma o presidente da AVLP. Com este museu a cidade de Guimarães vai atrair para si um acervo de mais de 30 mil peças de uma coleção que abrange todos os ramos do Exército, Marinha, Força Aérea, forças paramilitares, como a GNR e até organizações do antigo regime, como a Mocidade Portuguesa, Legião Portuguesa e PIDE, além de forças estrangeiras.
Trata-se de um conjunto de peças que Cláudio Monteiro, vice-presidente da AVLP, foi reunindo ao longo de muitos anos. “Comecei pelos brinquedos militares e estes terão uma parte importante neste museu. Mas depois fui evoluindo para outro tipo de objetos: coberturas, fardas, documentos, na verdade tenho um pouco de tudo na minha coleção, até viaturas. Há outros colecionadores que são especializados, que têm coleções mais completas em certas áreas. A coleção que vamos trazer para Guimarães é muito eclética”, explica Cláudio Monteiro.
“Há a possibilidade, depois de estarmos a funcionar, de trazer a Guimarães exposições temporárias, com peças de outras associações e museus com quem temos boas relações e a quem já temos emprestado algumas das nossas peças”, antecipa Cláudio Monteiro.
A coleção de Cláudio Monteiro tem peças tão distintas como uma viatura todo-o-terreno UMM, de Polícia do Exército, ou uma mota Sachs Hércules 125, passando por livros, obras de arte, fardamentos, condecorações, guiões, modelismo, equipamentos de comunicações, coberturas, soldadinhos de chumbo ou brinquedos.
Um museu será constituído por uma área para a exposição permanente, mais ligada à arma de cavalaria, à especialidade de Polícia do Exército/Polícia Militar (Lanceiros) e outra reservada para exposições temporárias. Estão previstas exposições temáticas, evocativas de momentos históricos, ou mostras ligadas a diversas áreas de interesse militar. “Não é possível apresentar 30 mil peças de uma só vez. Teremos de fazer uma escolha criteriosa”, antevê o presidente da AVLP.
Claúdio Monteiro enfatiza a boa relação com a instituição militar e com outras associações, como a Associação Portuguesa de Veículos Militares, que irá contribuir para tornar este museu num organismo vivo. “Quem nos visitar duas vezes por ano, garantidamente não verá as mesmas peças”, afirma.
As peças em exposição permitirão ao visitante recuar até às invasões francesas, passando pelas Guerras Liberais, pelo Corpo Expedicionário Português na Grande Guerra, pela II Guerra Mundial, até à Guerra Colonial.
Para João Vareta, coronel de cavalaria na reserva e presidente da Mesa da Assembleia da AVLP, “é muito importante para Guimarães, o berço da nacionalidade, atrair para a cidade uma coleção com este valor”.
O presidente da AVLP não arrisca ainda uma previsão para a inauguração deste novo museu militar, “Casa do Lanceiro”, em virtude do momento de alguma incerteza que o país, e particularmente o concelho de Guimarães, atravessa. “Queremos, muito rapidamente, ultrapassar esta fase de instalação, para passarmos ao próximo objetivo, que será a integração com a comunidade, nomeadamente com as escolas”.