Escola Superior de Turismo de Guimarães funciona em Barcelos por falta de instalações

Não apareceram construtores interessados

O concurso para a construção da Escola-Hotel do Instituto Politécnico do Cávado e do Ave (IPCA), lançado pela Câmara Municipal de Guimarães, não atraiu nenhum construtor. De forma que a Escola Superior de Turismo, criada em fevereiro de 2017, para funcionar em Guimarães, continuará a funcionar em instalações provisórias, no polo de Barcelos. A Câmara prevê lançar novo concurso ainda este mês, mas o IPCA já dilatou a data em que pretende instalar-se.

O lançamento da Escola-Hotel na Cidade Berço resultou de um diálogo entre o Ministério da Ciência e do Ensino Superior, o IPCA e o Município de Guimarães. O Ministério lançou esta forma de ensino, inovadora em Portugal, o IPCA ficou com a responsabilidade de lançar os cursos e a Câmara de Guimarães comprometeu-se a criar as instalações para sediar a Escola.

Para o efeito o Município adquiriu a Quinta do Costeado, na zona da Cruz de Pedra (por trás do Guimarães Shopping), para reabilitar o edifício e instalar ali a nova Escola do IPCA. O projeto para Escola-Hotel, incluindo a reabilitação do palacete do século XVIII e a construção de um novo edifício anexo, foi apresentado em janeiro de 2021. Nessa altura, o presidente da Câmara de Guimarães, Domingos Bragança falava num investimento “nunca inferior a cinco milhões de euros” e previa arrancar com as obras ainda nesse mesmo ano. Já Maria José Fernandes, presidente do IPCA, afirmava que a Escola-Hotel de Guimarães devia entrar em funcionamento dentro de dois anos, ou seja, estaria a ser inaugurada por estes dias.

Contudo, chegados a 2023, a Escola-Hotel não está ainda em funcionamento como previa a presidente do IPCA. Questionado pelo O MINHO, o IPCA afirma agora que perspetiva o arranque, em Guimarães, para 2024. O concurso público, lançado pelo Município, com um valor base de 11,3 milhões de euros, em 9 de agosto de 2021, terminou, em novembro de 2022, sem concorrentes interessados.

Domingos Bragança justifica-se com a inflação

“Cumprimos o que está estipulado no Código da Contratação Pública. O primeiro concurso ficou deserto, por não ter sido apresentada nenhuma proposta que cumprisse o primeiro critério de validade, que é o preço base. Esse preço, determinado pelos projetistas, com base unicamente em critérios técnicos, como estipula a legislação, não mereceu por parte do setor das empresas de construção aceitação. Isto é, as propostas foram superiores a este valor e legalmente não são válidas”, justifica Domingos Bragança.

O presidente lembrou a inflação, com origem em fatores alheios ao Município, como a pandemia e a guerra na Ucrânia, que tem feito subir o preço de todas as obras. Domingos Bragança prevê poder trazer a proposta de um novo concurso público, por um preço base de 15 a 16 milhões de euros, “a uma das próximas reuniões de Câmara”. “Se tudo correr normalmente, havendo empresas concorrentes, poderemos ter a obra a começar no final do primeiro semestre deste ano”, refere o presidente, com alguma cautela.

PSD acha que é estratégia política

Já o vereador do PSD, Hugo Ribeiro, que trouxe a questão para a ordem do dia, ao questionar o presidente da Câmara na última reunião do Executivo, encontra um padrão na ação da governação socialista do Município. “Acontece o mesmo com todas as obras, são sucessivamente anunciadas e depois são inauguradas em ano de eleições”, afirma. Relativamente à Escola-Hotel, Hugo Ribeiro lembra que “foi anunciada em 2017, ano de eleições, o projeto foi apresentado e o concurso foi lançado, em 2021, novamente ano de eleições e tudo indica que poderá ser inaugurada em 2025, por coincidência, ano de eleições”.

Modelo de ensino inovador

A Escola-Hotel do IPCA vai ter, no palacete de finais do século XVIII, um hotel e um restaurante formativo, com sala de refeições “à la carte” e quartos para hóspedes, a reabilitação da casa do caseiro, cavalariças e celeiro servirá para zonas de serviços e áreas funcionais. Na zona de jardim, vai nascer um novo edifício universitário de raiz, com dois pisos para albergar salas de aula, cozinhas, laboratórios de cozinha, biblioteca, auditório e serviços administrativos. Está também previsto um novo acesso rodoviário que a ligará a Escola à rotunda do Pavilhão Multiusos, sem passar pela circular urbana.

A Escola-Hotel de Guimarães, vai replicar modelos de ensino na área da hotelaria existentes em Hong Kong e na Suíça e perspetiva receber cerca de 1.500 estudantes. A Escola Superior de Hotelaria do IPCA, atualmente a funcionar em Barcelos, oferece duas licenciaturas, Gestão Hoteleira e Gestão de Atividades Turísticas, duas pós-graduaçãoes, Gestão de Alojamentos Turísticos e Marketing Digital e três mestrados, Marketing, Marketing Turístico e Gestão do Turismo.

 
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