Portugal registou um défice externo de 2.778 milhões de euros até julho, que compara com um défice de 275 milhões em igual período de 2021, divulgou hoje o Banco de Portugal (BdP).
Segundo o BdP, no mês de julho de 2022, as balanças corrente e de capital atingiram um excedente de 437 milhões de euros, o que corresponde a uma redução de 559 milhões de euros relativamente ao mesmo período de 2021.
“É de salientar que, em julho de 2021, tinha sido registado o recebimento excecional de uma transferência de capital de cerca de 1.100 milhões de euros, proveniente da devolução da margem financeira retida aquando do empréstimo do Programa de Assistência Económica e Financeira”, apontou o BdP.
O aumento do défice da balança de bens, para 1.671 milhões de euros, reflete um crescimento das importações superior ao das exportações em relação a julho de 2021, de 28,4% e 27,6%, respetivamente.
No que se refere às exportações e às importações de serviços, aumentaram, respetivamente, 83% e 33,5% relativamente a julho de 2021, tendo contribuído para esta evolução, “em particular, as rubricas de viagens e turismo e de transporte aéreo”, referiu o regulador da banca.
As exportações e as importações de viagens e turismo cresceram, em termos homólogos, respetivamente 144,7% e 57,1%, permitindo que o excedente desta rubrica aumentasse 1.415 milhões de euros, para 2.122 milhões de euros.
“Os valores registados na rubrica de viagens e turismo — nas exportações, nas importações e no saldo — são os mais elevados num mês de julho em toda a série”, realçou o BdP.
Em julho, o excedente da balança de rendimento primário subiu 666 milhões de euros, em termos homólogos, “refletindo o crescimento do pagamento, por parte de entidades residentes, de rendimentos de investimento sob a forma de dividendos a investidores não residentes”.
Quanto ao excedente da balança de rendimento secundário, aumentou em 89 milhões de euros.
No acumulado até julho, em termos homólogos, o saldo da balança financeira foi negativo em 1.600 milhões de euros, “refletindo um aumento dos passivos perante o exterior (7,5 mil milhões de euros) superior ao incremento dos ativos (5,9 mil milhões de euros)”.
A variação registada nos passivos justifica-se por aumentos relacionados com o investimento de não residentes em dívida pública portuguesa e em títulos de dívida emitidos por sociedades não financeiras, pelo crescimento do investimento direto do exterior em Portugal, sobretudo em imobiliário, e pelas reduções dos passivos do Banco de Portugal junto do Eurosistema.
Em julho de 2022, o saldo da balança financeira foi de 548 milhões de euros, resultante de um aumento dos ativos (3.800 milhões de euros) superior ao crescimento dos passivos (3.300 milhões de euros).
Quanto aos passivos, o saldo deveu-se sobretudo ao aumento dos passivos do Banco de Portugal, quer sob a forma de numerário e depósitos, quer sob a forma de empréstimos, assim como ao incremento dos depósitos de não residentes junto das outras instituições financeiras monetárias residentes.
Estes valores foram parcialmente compensados pelo vencimento de títulos de dívida pública portuguesa que se encontravam na posse de não residentes, apontou o banco central.
As estatísticas da balança de pagamentos serão atualizadas pelo BdP em 20 de outubro.