O objetivo era ‘correr’ o Caminho Português de uma só vez, em autonomia, ou seja, sem qualquer pessoa a dar água ou comida e sem qualquer paragem prolongada. Hugo Palma, informático e entusiasta da corrida, partiu do Porto e percorreu cerca de 150 dos 227 quilómetros previstos, porque o cansaço extremo levou a melhor ao fim de 28 horas, levando ao abandono precoce do aventureiro.
Habitual competidor em provas de atletismo, Hugo decidiu experimentar uma via mais solitária e resolveu tentar estabelecer um recorde para o Caminho de Santiago Português, entre Porto e Compostela, sem paragens, para que ficasse registado no portal “FastestKnowTime”, que se dedica ao registo dos tempos em velocidade de determinados percursos. O objetivo era fazer o percurso em 48 horas, mas terminou ainda na província de Pontevedra, depois de uma intempérie que o atrasou em Ponte de Lima.
Um dos piores momentos aconteceu na noite de sexta, no concelho limiano, ao fim de um dia inteiro a correr (a partida deu-se pelas 10:00 horas da manhã, no Porto).De acordo com a companheira, que foi relatando a viagem através da rede social Twitter, Hugo esteve “perdido à noite, sem apoio, sozinho, sem visibilidade alguma”, em plena serra na freguesia de Labruja, mas decidiu “parar um bocado” e “enroscar-se na manta térmica”, até retomar caminho. Horas antes, tinha estado com amigos no centro de Ponte de Lima, onde parou alguns minutos para recuperar.
— Eva (niilista)🇵🇹🇻🇪 (@Evacalina) October 30, 2021
Apesar das dificuldades na serra, Hugo não desistiu, regressou a um ponto que conseguisse identificar e retomou a corrida. “Foram horas muito, muito duras, mas superou e correu 8h depois do amanhecer”, relatou a companheira. Pelas 11:30, já estava em Tui. Ou seja, ainda correu até meio da tarde, acabando por ser vencido pelo cansaço.
Relato do início da serra, perdido à noite, sem apoio, sozinho, sem visibilidade alguma (chuva e nevoeiro)…decidiu tirar a manta térmica e enroscar-se no chão para pensar um pouco. Decidiu continuar e foram horas muito muito duras, mas superou e correu 8h depois do amanhecer. pic.twitter.com/pFQAmF3Jkq
— Eva (niilista)🇵🇹🇻🇪 (@Evacalina) October 30, 2021
Hugo acabou por pedir SOS, com as respetivas coordenadas, quando atravessava o polígono industrial de O Porriño. Na eventualidade de surgir algum problema, a companheira estava perto, a 500 metros. E assim foi. Encontrou Hugo com a “temperatura desequilibrada”, vítima de “cansaço extremo que ja estava a ser perigoso”, pois já não conseguia ver os carros que passavam na estrada e corria o risco de ser atropelado. “Foram 28 horas a correr com mau tempo”, recorda.
Não conseguem imaginar o que significa receber uma coisa destas. Felizmente estava a 500m dele, senso teria sido um suplício até chegar ao seu lado. pic.twitter.com/0cbCtzUC5S
— Eva (niilista)🇵🇹🇻🇪 (@Evacalina) October 30, 2021
Pela altura da edição desta notícia, Hugo encontra-se ainda a recuperar da aventura, que acabou por não ter o final desejado, mas não deixou de ter todos os condimentos para uma experiência única para o atleta. Já para Eva, a companheira, ficou a experiência de conhecer melhor a região do Minho.
Pá…Ponte de Lima é LINDÍSSIMA! Fiquei apaixonada.
Para além de ter comido uma das melhores refeições dos últimos tempos na Taverna Vaca das Cordas.
Bacalhau à isabelinha. Minha nossa senhora!
— Eva (niilista)🇵🇹🇻🇪 (@Evacalina) October 29, 2021
Sobretudo Ponte de Lima.