A administração da Continental Mabor, em Famalicão, reclama uma estrada alternativa à EN14 e afirma que, se esta não for construída, coloca em causa um investimento de 100 milhões de euros e entre 150 a 400 novos postos de trabalho.
A empresa tem “neste momento em causa projetos já anunciados e iniciados, os quais, sem acessibilidades adequadas, não serão possíveis finalizar”, alerta em declarações ao Jornal de Negócios, que avança a notícia (acesso exclusivo a assinantes), o presidente da Continental Mabor, Pedro Carreira.
“Em risco está um investimento de 100 milhões de euros e a criação de 150 a 400 postos de trabalho, sendo que alguns colaboradores já estão na empresa a receber formação ‘on job’ para este projeto”, adianta o responsável.
Em causa está a conclusão do projeto OTR – produção dos chamados pneus fora da estrada, para as minas, portos e movimentação de terras.
Segundo a Continental Mabor, este investimento pode ser hipotecado por falta da alternativa à Estrada Nacional 14, que liga Porto a Braga. “Uma parte do nosso novo projeto OTR, anunciado o ano passado, está concluída. Contudo, falta ainda a instalação de mais equipamentos, de grande porte, que só podem ser instalados se tivermos espaço para crescer”, releva Pedro Carreira.
O espaço existe dentro do perímetro da Continental, “mas cujo aproveitamento está limitado ao cair em espaço canal de proteção para a implementação da futura via”, explica o gestor, acrescentando que, “nos últimos anos”, a quinta maior exportadora portuguesa recebeu “promessas e inclusive até projetos, tudo indicando que a concretização da alternativa À EN 14 estaria iminente”.
“Se já temos boas autoestradas (A3 e A7) para os camiões que precisam de transportar equipamentos e pneus”, o problema são “as vias de ligação a essas autoestradas, que são exíguas e estão hoje completamente saturadas”, realça nas declarações ao Jornal de Negócios.
“As datas não oficiais que nos chegam apontam para prazos que levam esta construção para finais de 2024, mas sempre condicionada a uma existência de verbas a atribuir. (…) O nosso desagrado prende-se com esta situação – encontra-se sempre uma razão para adiar um projeto de mais de 20 anos”, critica Pedro Carreira, completando que, “se no passado, os argumentos eram que não havia verba”, agora com os milhões anunciados da Europa receia que “a burocracia coloque mais impedimentos ou entraves a esta importante obra”
Esta foi uma preocupação manifestada ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, quando, recentemente, esteve nas comemorações dos 30 anos da Continental Mabor em Famalicão.
A fábrica do grupo alemão tem 2.300 trabalhadores. Contabiliza mais de 900 milhões de euros de investimento e uma produção de 350 milhões de pneus.
“Desde 2010, temos investido, em média, por ano, mais de 50 milhões de euros. E só nos últimos cinco anos, contratámos para o quadro permanente mais de 600 colaboradores”, realça o presidente da Continental Mabor, que fechou 2019 com vendas recorde de 893,2 milhões de euros, dos quais 99% foram exportações para 68 países, e lucros de 206,7 milhões de euros.