O presidente da Câmara de Braga, Ricardo Rio, espera que a Cimeira Ibérica, que decorre esta sexta-feira em Viana do Castelo, confirme o arranque da ligação ferroviária entre Porto e Vigo, que “já peca por tardia”. Diz que trará vantagens em termos de coesão territorial, do turismo e do comércio. Sublinha que se desconhece o local exato onde será feita a nova estação ferroviária, mas prevê que seja entre Ferreiros e Semelhe.
A realização da Cimeira em Viana do Castelo pode resultar no anúncio de projetos de interesse relevante para Braga e para o Minho em geral, como é o caso da linha de comboio de alta velocidade Porto-Vigo, e de ligações rodoviárias com a Galiza. O que espera o Município da Cimeira?
Acima de tudo o Município de Braga espera, entre outros aspetos relativos à intensificação da cooperação transfronteiriça que serão certamente discutidos, que existam desenvolvimentos relativamente à linha ferroviária de alta velocidade Porto-Vigo, um projeto que consideramos ser de enorme mais valia para o desenvolvimento desta euroregião, e que se mantenham os compromissos de a executar nos prazos anunciados.
Esta é uma ligação absolutamente estrutural que tenho defendido quer enquanto presidente da Câmara Municipal de Braga, quer ao nível do Eixo Atlântico, e que já peca por tardia. Será ainda uma ferramenta essencial para garantir a coesão territorial.
Queremos que Braga seja um pólo fundamental na ligação entre os dois territórios, através de uma modalidade que será extremamente vantajosa para toda a região. Para além da proximidade com a Galiza, ficaremos ainda com uma ligação de 57 minutos com o Aeroporto Francisco Sá Carneiro, uma grande mais valia para o turismo da cidade.
A futura linha de alta velocidade implica a construção de uma nova estação ferroviária em Braga. Que projetos ou préprojetos já foram feitos ou pensados, onde se situará a infraestrutura, e qual o investimento e o papel que a Câmara Municipal terá na solução?
Embora essa seja uma questão que ainda não está fechada, a nova Estação Ferroviária de Braga deverá ficar localizada na zona norte do concelho, entre as freguesias de Ferreiros e Semelhe, local que já tinha sido identificado no estudo base anterior para o TGV.
Esperamos que as entidades que tutelam esta área possam envolver o Município na formatação das soluções e na avaliação das implicações das mesas sobre o território com consequências directas, por exemplo, ao nível da revisão do PDM e da necessidade de assegurar as acessibilidades à nova estação e eventuais limitações à construção.
“Braga tem capacidade para mais turismo”
A ligação do Porto a Vigo com passagem por Braga trará benefícios para o concelho e a região, nomeadamente trazendo mais turistas galegos e espanhóis. Tem a cidade capacidade hoteleira e de infraestruturas turísticas para os acolher? O que pode ser feito nessa perspetiva?
Braga tem a capacidade e as infraestruturas necessárias para acolher mais turistas de forma sustentável. Temos vindo a reforçar essa oferta e a atratividade turística fruto de uma estratégia promocional desenvolvida em estreita colaboração com os diversos agentes do território, que percebendo o potencial da cidade têm aqui investido e aumentado a capacidade hoteleira, da restauração e do comércio.
Aliás, a aposta no turismo, a viver um momento de recrudescimento após o período de crise provocada pela Covid-19, está concertada com a própria visão para o desenvolvimento económico do Concelho, sendo uma área que o Município – também através da InvestBraga e da Startup Braga – vai continuar a estimular e que se pode revelar fundamental para o Concelho. Estamos ainda na linha da frente na adoção de políticas que exploram o modo como o turismo pode ser sustentável em cidades médias, reduzindo o seu impacto negativo sobre as áreas urbanas.
O projeto também aproxima a urbe bracarense da do Porto e também de Lisboa. Que vantagens pode trazer esta ligação mais rápida?
Garantir uma ligação bastante mais rápida e de maior qualidade aos dois principais centros urbanos de Portugal traz imensos benefícios directos a Braga. No caso do Porto, essa vantagem é ainda mais evidente pela ligação que ficará garantida entre Braga e o aeroporto Francisco Sá Carneiro, uma infra-estrutura cuja importância é determinante para a nossa cidade.
Este é um investimento estratégico que, ao melhorar a mobilidade dos cidadãos, vem dar resposta aos muitos dos desafios que Braga enfrenta, nomeadamente ao nível da necessidade de maior coesão territorial, competitividade das empresas, promoção do turismo, crescimento económico sólido e sustentabilidade.