Os restos do maior foguetão chinês de sempre caíram no Oceano Índico na madrugada deste domingo, às 03:24 (hora portuguesa), com os componentes destruídos após entrarem na atmosfera terrestre, disse a agência de notícias estatal da República Popular da China, citada pela Reuters.
Partes do “Long March 5B” reentraram na atmosfera com as coordenadas de 72.47 de longitude (Este) e 2.65 de latitude (Norte), afirmou a agência com informações baseadas no gabinete oficial de Engenharia Espacial da China. A Força Espacial dos Estados Unidos também já confirmou o local da queda como sendo “perto das Maldivas”, embora saliente que há a probabilidade de ter atingido terra, para além do oceano.
Pelas 05:15, hora portuguesa, não há registo de quaisquer danos provocados pelo ‘lixo espacial’ naquele arquipélago.
China now reporting https://t.co/dHSJVoItCY that the rocket reentered at 0224 UTC at 72.47E 2.65N which is right over the Maldives. If correct will be interesting to see if we get reports from there pic.twitter.com/NQovz33pqg
— Jonathan McDowell (@planet4589) May 9, 2021
China now reporting https://t.co/dHSJVoItCY that the rocket reentered at 0224 UTC at 72.47E 2.65N which is right over the Maldives. If correct will be interesting to see if we get reports from there pic.twitter.com/NQovz33pqg
— Jonathan McDowell (@planet4589) May 9, 2021
As coordenadas colocam o ponto de impacto algures a sudoeste da Índia e do Sri Lanka, perto do arquipélago das Maldivas.
A maior parte dos destroços arderam por completo na atmosfera, refere a mesma fonte.
Antes de entrar na atmosfera, o foguetão chegou a sobrevoar a zona do Minho por, pelo menos, duas ocasiões distintas, já durante a fase mais acentuada da queda, quando estava apenas a cerca de 140 quilómetros de altitude.
Nas últimas horas antes da entrada na atmosfera, o foguetão demorava cerca de uma hora e meia a completar a órbita sobre a Terra. Pelos cálculos efetuados, aponta-se uma estimativa de que o objeto terá entrado na atmosfera cerca de 20 minutos depois de ter sobrevoado a região do Minho pela última vez. Passou ainda pela Itália, pelo mar mediterrâneo, por alguns países do Médio Oriente até entrar na atmosfera sobre o Oceano Índico.
De acordo com as previsões da Força Espacial dos Estados Unidos, e para além da probabilidade existente de os destroços caírem no oceano, Braga e Viana eram alguns dos locais habitados onde existia também possibilidade de queda.
Map 3: Braga, Portugal (0202 UTC); Valladolid, Spain (0203 UTC), Reus, Spain; Oristano, Sardinia ; Rosarno, Calabria, Italy; Kythira (0208 UTC); Sitia, Crete; Gaza (0211 UTC); Jordan; Riyadh, Saudi Arabia (0214 UTC); Dhofar, Oman (0217 UTC). pic.twitter.com/iQGETBTmcP
— Jonathan McDowell (@planet4589) May 8, 2021
At 0202 UTC (0402 CEST) the rocket, if still in orbit, will cross the Portuguese coast between Vigo and Porto, near VIana do Castelo
— Jonathan McDowell (@planet4589) May 9, 2021
As rotas das diferente órbitas apontam para concelhos como Valença, Melgaço, Monção, Esposende, Barcelos, Vila Verde, Amares, Vieira do Minho e Cabeceiras de Basto, segundo as projeções efetuadas ao longo das horas que antecederam a queda.
Pequim tinha classificado na sexta-feira como “extremamente fraco” o risco do foguete provocar danos na superfície terrestre.
A China lançou na semana passada o módulo principal da sua primeira estação espacial permanente, que visa hospedar astronautas a longo prazo.
O módulo Tianhe, ou “Harmonia Celestial”, foi lançado para o espaço recorrendo ao foguete Longa Marcha 5B, aparelho que regressou agora à Terra.
“A probabilidade de causar danos às atividades aéreas ou no solo é extremamente fraca”, tinha dito à imprensa um porta-voz da diplomacia chinesa, Wang Wenbin.
O foguete Longa Marcha 5B, de cerca de 30 metros e entre 17 e 21 toneladas, foi um maiores destroços espaciais a cair na Terra, pelo que mereceu “uma monitorização cuidadosa” disse o Serviço de Vigilância e Seguimento Espacial da União Europeia.
O lançamento da semana passada foi o primeiro de 11 missões necessárias para construir e abastecer a futura estação espacial chinesa e enviar uma tripulação de três pessoas até ao final do próximo ano.
Pelo menos 12 astronautas estão a treinar para viver na estação, incluindo veteranos de missões anteriores. A primeira missão tripulada, a Shenzhou-12, está prevista para junho.
Quando concluída, no final de 2022, a Estação Espacial Chinesa deverá pesar cerca de 66 toneladas, consideravelmente menor do que a Estação Espacial Internacional, que lançou o seu primeiro módulo em 1998 e pesará cerca de 450 toneladas.
A exploração espacial é fonte de grande orgulho nacional na China, mas esta não é a primeira vez que o país perde o controlo de um objeto espacial no seu regresso à Terra.
Em abril de 2018, o laboratório espacial Tiangong-1 desintegrou-se ao reentrar na atmosfera, dois anos após deixar de funcionar.
As autoridades chinesas negaram que o laboratório tivesse escapado ao seu controlo.