O CDS-PP de Esposende anunciou que dará entrada nos próximos dias de uma queixa junto do Conselho Nacional de Jurisdição do Partido com vista à instauração de um processo disciplinar aos militantes do partido.
Segundo a nota de queixa a que O MINHO teve acesso, na base da queixa está uma alegada “traição” de Sara Herdeiro numa lista à junta da União de Freguesias de Fonte Boa e Rio Tinto.
“Mantiveram a esperança de uma lista do CDS na UF de Fonte Boa e Rio Tinto até um limite de tempo que tornou inviável reverter as decisões que esses militantes tinham tomado e passava por deixar o CDS sem lista e candidatarem-se nas listas do PSD”, lê-se na nota de imprensa.
Recorde-se que nas eleições autárquicas de 2013, Sara Herdeiro, enfrentou Carlos Escrivães (PSD) numas eleições que viriam a confirmar o CDS-PP como principal partido da oposição.
“Desde sempre foi avançado pelo partido que tencionava depositar na mesma candidata a confiança para reverter o resultado de 2013 e poder conquistar uma freguesia onde o CDS-PP tem um peso eleitoral considerável”, refere a mesma nota lançada pelo CDS-PP de Esposende.
Segundo apuramos, a própria Sara Herdeiro terá ido a reuniões da comissão politica do CDS, ao Hotel Ofir, pedir que o partido concorresse em listas próprias por considerar que se assim não fosse “deixaria órfão o eleitorado CDS-PP de Fonte Boa e Rio Tinto” e que seria uma afronta a todos os que votaram no partido há quatro anos.
O processo agitado pré-eleitoral, e o facto de António Catarino, um antigo militante do CDS-PP, estar disponível para se recandidatar levou o presidente do partido em Esposende a mediar uma reunião entre todos de forma a poder vir a preparar uma alternativa forte ao PSD que poderia, ou não, ser com a sigla do CDS-PP.
“Naquela reunião, eu, a Sara e o Catarino discutimos um propósito único: derrotar Carlos Escrivães sabendo que devolveria a esperança às pessoas de Fonte Boa e Rio Tinto”, confirmou João Lopes, acrescentando que “em 2005, o MPT permitiu ao CDS-PP um resultado estrondoso em Fonte Boa, precisamente pela mão de António Catarino”.
Confrontado com os factos que a seguir ocorreram, o presidente popular é taxativo ao afirmar que “percebi que seria difícil fazer uma lista do CDS mas foi um rude golpe saber que afinal estavam a negociar o lugar deles na lista do PSD e nós soubemos pelo tribunal, quando vimos as listas”.
João Lopes vai mesmo mais longe nas acusações ao referir que “eu convidei a Sara a explicar na CPC a importância de uma lista CDS-PP em Fonte Boa e Rio Tinto, estive com ela numa reunião com o candidato do MPT para salvaguardar os interesses do CDS num projeto vencedor e afinal, vi afixado no tribunal que essa pessoa e não somente, estavam afinal na lista do PSD. Não é um problema meu, é um grave ataque ao CDS-PP e aos militantes de Fonte Boa e Rio Tinto. Se em Maio, me dissessem que iam apoiar o PSD, eu teria procurado outros militantes para fazer uma lista do CDS-PP. O CDS-PP tem uma base eleitoral estrondosa ali e estou ciente que este episódio servirá para que se unam e mostrem o descontentamento face a esta atitude”.
Sobre o futuro, o presidente do CDS-PP de Esposende garantiu que está a contactar os militantes de Fonte Boa e Rio Tinto e tem ouvido várias “muitas queixas” e que não teve alternativa, “senão dar conhecimento ao conselho Nacional jurisdição”.
“Tenho o dever de preservar um capital de votos. Eu tenho que pedir desculpa aos militantes de Fonte Boa e Rio Tinto mas que o CDS não apoia o PSD nem nunca foi sua intenção adormecer o CDS a troco da agenda pessoal de alguns”, frisa.
O CDS-PP, e segunda nota do comunicado, prevê nos seus estatutos que sejam expulsos os militantes que concorram em listas contra o partido.
“Não havendo lista do CDS-PP em Fonte e Rio Tinto não deixa de ser um caso invulgar que poderá mesmo levar à suspensão destes militantes do CDS que afinal de contas se mostraram indisponíveis para as listas do seu partido mas disponíveis para as do PSD”, lê-se no comunicado de imprensa.
Um caso que ainda fará correr muita tinta mas deixa claro que em Fonte Boa e Rio Tinto, os militantes de base do CDS-PP parecem “pouco convencidos da mudança de alguns para o PSD e fica no ar a ideia que o velhinho CDS local tocou todos os sinos daquela freguesia”.