Os interrogatórios do Caso Altice continuarão na próxima segunda-feira, em Lisboa, admitindo-se que possam ficar concluídos ao final da manhã desse dia, seguindo-se as alegações finais do Ministério Público e dos advogados, antes das medidas coativas. O MINHO contactou o advogado do economista de Braga, um dos visados no processo, que afirmou que o seu cliente está de “consciência tranquila”.
A última diligência será concluir o interrogatório do principal arguido do processo, o empresário Hernâni Vaz Antunes, com residência em Pedralva, no concelho de Braga, depois de ter sido ouvida em primeiro a sua filha mais velha, Jéssica Antunes.
A audição anterior foi do empresário Armando Pereira, até há pouco tempo o número dois do universo empresarial do Grupo Altice, também alvo de buscas na sua propriedade com 15 hectares, a Quinta das Casas Novas, em Guilhofrei, Vieira do Minho.
O advogado José Figueiredo, que defende um dos quatro detidos, o economista bracarense Álvaro Gil Loureiro, revelou esta sexta-feira a O MINHO que “os arguidos fizeram questão de esclarecer todas as situações e daí estes dias de interrogatórios”.
José Figueiredo, advogado, não só, mas também, principalmente penalista, explicou que “no caso do meu cliente, o único pelo qual posso falar, tem a consciência tranquila, aguardando com serenidade pela decisão, apesar de todos estes dias decorridos”.
Ainda segundo o mesmo causídico, com escritório em Vila Nova de Gaia, “tudo aquilo que imputam ao senhor doutor Álvaro Gil Loureiro, ele assume ter realizado, mas sempre com a plena consciência que não estava a cometer qualquer tipo de crime”.
“Repare-se que todos os atos por ele praticados, nas suas funções profissionais, foram realizados depois de pareceres, alguns dos quais escritos, de fiscalistas, de técnicos e revisores oficiais de contas, mais de juristas”, disse o advogado José Figueiredo.
Trabalhadores da Altice sentem-se “enganados e usados”
Entretanto, a confirmarem-se as suspeitas que levaram à detenção de quatro suspeitos na Operação Picoas, os trabalhadores do Grupo Altice em Portugal afirmaram que se consideram “enganados e usados” pela gestão da empresa de telecomunicações.
“O próprio futuro da empresa deixa dúvidas”, afirma Jorge Félix, presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Grupo Altice em Portugal, comentando as consequências, para o grupo empresarial, do caso judicial relacionado com a “Operação Picoas”.
“O que é que acontecerá depois de Armando Pereira e de toda esta situação, se tudo isso vier a ser confirmado”, questionam os funcionários do Grupo Altice, até porque os trabalhadores sentem-se enganados e usados”, como reiterou aquele sindicalista.