A canoagem portuguesa, que conquistou cinco das oito medalhas do país nos Europeus multidesportos de Munique, deseja que a sua “excelência de resultados” tenha correspondência ao nível do financiamento ao alto rendimento.
“Somos humildes, mas ambiciosos e precisamos que haja um reconhecimento para além das palavras, atos para trazermos mais atletas e darmos-lhes condições de preparação para ainda melhores resultados. No ano passado, ao nível do financiamento do alto rendimento, fomos a 13.ª modalidade em Portugal”, lamentou, em declarações à agência Lusa, o vice-presidente da Federação Portuguesa de Canoagem (FPC), Ricardo Machado.
O dirigente recordou as duas medalhas de ouro, de Fernando Pimenta em K1 5000 metros e Kevin Santos em K1 200 metros, uma de prata, de Pimenta em K1 1000 metros, e duas de bronze, uma do limiano e outra de Norberto Mourão na classe adaptada VL2.
“Somos uma das principais modalidades em Portugal, como os números indicam. Temos pena que quem trata do desporto em Portugal não tenha esse reconhecimento com a nossa modalidade e continuemos a ser muito subfinanciados em relação ao que têm sido os nossos resultados. E não é deste ano, mas dos últimos 10 ou 15 anos, em que a canoagem em termos nacionais tem assumido destaque, sem que isso se reflita no apoio”, critica.
Se para as entidades que tutelam o desporto há desalento, já para os canoístas apenas elogios, até porque a comitiva cumpriu com os dois objetivos traçados para esta competição.
“Apurámos 14 canoístas para os Jogos Europeus de Cracóvia 2023 e integrámos quatro novos atletas no Projeto Olímpico, que, assim, vão ter melhores condições para se preparar e tentar apurar para Paris 2024”, referindo-se às duplas C2 Inês Penetra/Beatriz Lamas e Bruno Afonso/Marco Apura, que falharam a presença em Tóquio 2020 por uma posição.
Ricardo Machado garante que a federação está “muito satisfeita” com os desempenhos da equipa, que além das cinco medalhas conseguiu 10 finais, ou seja, nos nove mais fortes da Europa.
Os mundiais do próximo ano vão atribuir mais de 80% das vagas de apuramento para os Jogos Olímpicos, pelo que o vice-presidente da FPC promete “uma análise profunda à participação internacional” esta época, de modo a serem feitas as “alterações necessárias” nas tripulações que não atingiram os objetivos ao nível do seu valor.
“Queremos apurar o maior número de quotas para Paris 2024. Depois, iremos tentar ver que embarcações podemos fazer dentro das quotas disponíveis para chegar a Paris e, em primeiro lugar, tentar as finais e, se possível, como temos feito nos últimos ciclos, lutar pelos pódios”, completou.
A segunda edição dos campeonatos Europeus multidesportos terminou no domingo, em Munique, e reuniu nove modalidades. Portugal esteve representado em atletismo, canoagem, ciclismo, ginástica artística, remo, ténis de mesa e triatlo, tendo somado oito medalhas, designadamente quatro de ouro, através de Pedro Pablo Pichardo, no triplo salto, de Iúri Leitão, no scratch do ciclismo de pista, de Kevin Santos (K1 200 metros) e Fernando Pimenta (K1 5000 metros), que também conquistou uma de prata (K1 1000 metros) e uma de bronze (K1 500 metros). Auriol Dongmo alcançou a prata no lançamento do peso. Na paracanoagem, Norberto Mourão garantiu o bronze na classe VL2.