O Instituto de Medicina Legal recolheu, no cemitério de Braga e por ordem do Ministério Público, vestígios de ADN dos restos mortais de um homem que, em 2016, morreu afogado no rio Homem, quando fugia à GNR de Vila Verde.
Ao que O MINHO apurou, após a consulta do processo, a recolha, feita em janeiro, prende-se com o facto de a mãe do falecido, André Rato, que tinha 22 anos, querer saber qual a razão pela qual a campa foi remexida, para ter a certeza de que os restos mortais são os do filho, ali foi enterrado.
A recolha de ADN – acompanhada por um magistrado – ocorreu por ocasião da trasladação das ossadas para outro local, não se tendo, por isso, procedido à sua exumação. Até agora, o Instituto não produziu as conclusões.
A mãe, Maria Beatriz Eusébio pedira a reabertura do inquérito, o que o MP aceitou, depois de uma primeira queixa ter sido arquivada – sem que nenhum coveiro tenha sido ouvido -, decisão acompanhada pelo Tribunal de Instrução.
Placas dentárias
No último requerimento, indicou o nome do coveiro que terá mexido na campa, pedindo que seja inquirido. Diz que, alguns dias após o enterro, encontrou-a remexida, tendo o coveiro explicado que o fizera “para a retificar e compor”.
Dias depois apareceram lá placas dentárias, facto para o qual também não há explicação. A progenitora diz que a sepultura estava limpa e a terra dura e não precisava de ser arranjada. A família visitava-a semanalmente e cuidava dela. Numa dessas ocasiões, dois anos depois, voltou a encontrar “terra fresca”.
Acrescenta que, um dia, o pai do malogrado jovem pôs o pé na terra da campa e esta cedeu. Pegou, então, num cabo de vassoura e espetou-o no local, tendo este atingido o fundo com facilidade. Por isso, a família suspeita que os restos mortais do filho “não estão lá”, ou pelo menos, que tenham sido profanados. O que prefigura o crime de profanação de cadáver ou de atos ofensivos do respeito aos mortos.
Atirou-se ao rio e morreu afogado
Em novembro de 2016, o jovem, que fez três assaltos a cafés em Braga, Taipas e Vila Verde, fugiu a uma patrulha da Guarda que foi em sua perseguição. O Fiat Uno onde se deslocava, com outros dois jovens, ambos de Vila Verde, rebentou um pneu ao chegar à Ponte Nova, em Rendufe, – que liga Vila Verde a Amares – o que levou o trio a fugir a pé. Aí, o André atirou-se ao rio – desconhecendo-se se saltou da ponte ou se terá tentado atravessá-lo a nado – e morreu afogado. O menor foi detido e o terceiro conseguiu escapar, vindo a ser capturado, tempos depois.
Aquando do afogamento, a família alegou que o André nadava muito bem, pondo por isso em questão a morte por afogamento e dizendo que suspeitava da GNR. A queixa, por suspeita de homicídio, foi arquivada pelo MP.