Chamam-lhe já o processo OLX 2. Isto porque os 120 crimes em causa foram maioritariamente praticados na comarca de Braga e 25 dos 27 arguidos foram já julgados, em 2018, no Tribunal local por burlas idênticas na compra de carros publicitados na internet.
O Tribunal de Instrução de Matosinhos pronunciou-os por 120 crimes de burla, furto qualificado, falsificação de documentos, recetação e branqueamento de capitais.
Entre os arguidos está Jorge Ferreira um empresário do ramo automóvel de Braga, com oficina em Gualtar, a quem a PJ/Braga apreendeu, em casa, 200 mil euros em notas. Está acusado de 26 crimes de recetação.
O processo decorreu em Matosinhos, onde o primeiro crime foi praticado, mas a maioria dos ilícitos ocorreu em Braga, Porto e Barcelos, pelo que o julgamento pode realizar-se em Braga, dependendo da decisão do juiz .
O esquema passava pela compra de automóveis publicitados nos sites OLX, Stand Virtual e Custo Justo, sendo o “pagamento” efetuado com depósito de cheques inválidos, de terceiros, que nunca obtinham cobrança, ou através de transferência bancária. E o vendedor ficava sem viatura e sem dinheiro.
Burla em Braga
Entre várias outras burlas, a acusação refere que, em agosto de 2015, Sérgio Moreira publicitou na internet a venda de um Seat Leon, por 29 mil euros. Apercebendo-se de tal, os arguidos João Carlos Duarte, Adelino Soares, Rui Silveira e Manuel Montes, gizaram um plano para ficarem com o carro sem o pagar.
Para isso, um telefonou ao Sérgio Moreira, apresentou-se como “António Aparício” e acordou comprá-lo por 29.500 euros. marcando um encontro, em Braga. O Sérgio Moreira e a companheira – a dona da viatura -, aí se encontraram com o João Carlos Duarte, que disse ali estar em representação do pai “António Ramalho”, já que este iria oferecer-lhe o carro.
Nessa altura, o Sérgio Moreira disse que só o entregariam quando tivessem um comprovativo do pagamento por transferência bancária, ao que o arguido retorquiu que apenas o podia entregar no Porto.
Então, – prossegue a acusação – , combinaram encontrar-se, logo a seguir, na Rua do Freixo, Campanhã. Ali, o Sérgio Moreira, e a namorada, enquanto aguardavam o comprovativo, retiraram o filho bebé do banco traseiro e colocaram-no no carrinho de passeio. Aí, de repente, e vendo-os distraídos, o João Carlos Duarte entrou no carro, e fugiu.
Antes disso, um outro homem depositou na conta do ofendido um cheque de 29.500 euros, de uma Sociedade de Construções, que era furtado e não teve “teto”.
Mais tarde, o carro foi vendido ao arguido Jorge Pereira Ferreira, de Braga.