O presidente da Câmara de Viana do Castelo justificou hoje a recondução do comandante dos Bombeiros Sapadores com o facto de manter a confiança em António Cruz, apesar de estar em curso um inquérito à sua atuação.
“Atendendo à natureza da denúncia, há uma parte que falhou e nós temos de saber qual foi essa parte. Depois de sabermos, tomaremos a decisão que tiver que ser tomada. Neste momento, estando o inquérito a decorrer, tomar uma opção relativamente a uma das partes era fragilizar e prejudicar o inquérito”, afirmou o socialista Luís Nobre.
O autarca falava aos jornalistas no final da reunião ordinária da autarquia em que foi questionado, no período antes da ordem do dia, pela vereadora da CDU, Cláudia Marinho, e pelo vereador do PSD Eduardo Teixeira sobre a nomeação, na segunda-feira, do comandante para nova comissão de serviço.
O inquérito em curso foi instaurado em agosto, na sequência de uma denúncia contra António Cruz por assédio moral.
As acusações contra o comandante dos Bombeiros Sapadores de Viana do Castelo avolumaram-se a partir de março, quando o Sindicato Trabalhadores da Administração Local (STAL) anunciou uma ação contra António Cruz, por “práticas que consubstanciam verdadeiros atos de discriminação e assédio moral e laboral”.
Desde março, o STAL tem promovido diversas ações de denúncia pública da situação em vários locais da cidade.
Hoje o protesto voltou a instalar-se à porta do edifício camarário onde decorria a reunião camarária.
Luís Nobre pediu “um ambiente de tranquilidade para que o inquérito decorra normalmente” e alertou que “nenhuma das partes pode ser julgada sem se concluir o inquérito”.
“Não é legítimo que pressionem a técnica que está a conduzir o inquérito”, apelou ainda no decurso da reunião camarária.
O autarca criticou ainda atuação do grupo de elementos da corporação, considerando que “não é normal o ruído que diariamente tem acontecido, desrespeitando o Tribunal, que está a meia dúzia de metros e a duas instituições particulares de solidariedade social (IPSS) e ao edifício camarário.
“O nosso direito termina quando começa o do outro. Isto não é forma de estar. Por isso é que chamei a isto ‘bullying’ e não sei qual é dificuldade em perceber que é pressão. Chamem-lhe o que entenderem”, frisou.
Em declarações aos jornalistas, o vereador do PSD Eduardo Teixeira acusou o presidente da Câmara de “parcialidade” por não ter esperado pela conclusão do inquérito.
“Há todos os motivos para que não houvesse nova nomeação, mas a prorrogação do mandato, no limite até haver conclusões do inquérito”, defendeu.
Com 242 anos de existência, os antigos Bombeiros Municipais de Viana do Castelo passaram, em 2019, a designar-se Companhia de Bombeiros Sapadores.
Na reunião ordinária de hoje foi ainda aprovada, por unanimidade, a abertura do concurso público para a requalificação da margem do rio Lima, em Argaçosa, na freguesia da Meadela, por mais de 1,1 milhões de euros.
A empreitada, de remodelação das margens e do espaço contíguo à margem do rio Lima, incluída no Plano de Pormenor do Parque da Cidade, surge na sequência da demolição das antigas instalações do remo e de vela e visa a “requalificação de uma zona degradada, contribuindo para a manutenção da estabilidade da margem e para uma maior acumulação de sedimentos na zona de usufruto balnear e de prática de atividades náuticas”.