O Arquivo Distrital de Braga (ADB) reuniu um espólio de “interesse internacional” sobre os primórdios da programação informática com cerca de 1.500 documentos que desvendam o início do ‘software’ como disciplina científica, anunciou hoje a Universidade do Minho (UMinho).
Em comunicado enviado à Lusa, a UMinho, que gere o ADB, explica que aquele acervo descreve o “percurso de um dos grupos de trabalho mais respeitados na história do ‘software'”, o WG2.1 – Algoritmi Languages e Calculi, da Federação Internacional para o Processamento de Informação (IFIP).
Segundo explica o texto, o grupo WG2.1 “revolucionou a ciência do ‘software’ há mais de meio século quando começou a desenvolver linguagens e princípios científicos que ainda hoje norteiam a programação de computadores”.
Mais especificamente, aponta, “contribuiu para a linguagem “Algol”, na década de 1960, considerada a primeira linguagem de programação aberta e moderna da história”.
“É inegável o papel que o ‘software’ tem nos dias de hoje. Há ‘software’ nos telemóveis, nas redes sociais, nas fábricas, nos automóveis e nos aviões, bem como nos serviços bancários, de saúde, da internet, da energia”, explica José Nuno Oliveira, atual membro do WG2.1 e investigador do Laboratório de Software Confiável (HASLab) da UMinho e do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC).
O especialista refere ainda que “é com ‘software’ que se programam os algoritmos de inteligência artificial que estão cada vez mais em uso nessas áreas de aplicação”, realçando que é “crucial estudar o fenómeno, as suas origens e, em particular, a sua história, para se conhecer a sua evolução e compreender o seu impacto na sociedade”.
Em Portugal, o ADB é o primeiro arquivo a albergar documentação do género, sendo que o espólio integra “documentos que desvendam o início do ‘software’ como disciplina científica, nomeadamente os originais policopiados de artigos de Floyd, Hoare e Wirth, que iniciaram o método de programação estruturada e que passou a ser ensinado na maioria das instituições de ensino de informática”.
O arquivo pode ser consultado todos os dias úteis, estando também a ser disponibilizado gradualmente no ‘site’ do ADB.
Há ainda uma exposição sobre o tema patente até sexta-feira no átrio daquela unidade cultural da UMinho.