Os três detidos (um apresentou-se voluntariamente, outro também tentou entregar-se na Polícia Judiciária de Braga e o terceiro foi ao Brasil e voltou a Portugal depois da prisão dos seis primeiros suspeitos) por alegadamente colaborarem com uma rede internacional de tráfico de cocaína, que era escondida entre bananas num armazém em Barcelos, saíram, ao final da tarde de quarta-feira, com apresentações bissemanais.
Enquanto não se esclarece se foram apreendidos 140 quilos de cocaína (como refere o Ministério Público) ou 104 (como refere a Polícia Judiciária de Braga) os despachos judiciais, à cautela, falam em confisco de mais de 100 quilos de cocaína (para assim não pecarem nem por excesso nem por defeito), caiu por terra a indiciação de associação criminosa quanto aos três suspeitos.
À margem do diferencial ainda não esclarecido de 36 quilos de cocaína pura, que valem cerca de dois milhões de euros, saíram esta tarde com apresentações bissemanais na GNR e estão proibidos de ausentar-se de Portugal todos os três novos suspeitos.
Para tais medidas de coação contribuiu o facto de um dos suspeitos, depois das detenções em finais de dezembro, ter ido ao Brasil, o seu país de origem, tendo regressado a Portugal, apesar de serem públicas as detenções dos primeiros seis detidos.
O mesmo se aplicará a outro arguido, de Esposende, que, ao ser contactado telefonicamente, compareceu imediatamente no posto policial e colocou-se logo à disposição da Polícia Judiciária de Braga, não havendo também qualquer perigo de fuga.
E o caso mais caricato foi o do terceiro suspeito, de Barcelos, que se disponibilizou duas vezes para ir à Polícia Judiciária de Braga, através do seu advogado, Germano Vasconcelos, o que foi desconsiderado, como constatou o próprio juiz.
Para o magistrado judicial, não faz assim sentido aplicar-lhe uma medida de coação detentiva, como seria a prisão domiciliária e com pulseira eletrónica, o que pretendia o procurador do Ministério Público, alegando eventual perigo de fuga.
A apreensão dos mais de 100 quilos de cocaína pela Polícia Judiciária foi possível graças à Polícia Espanhola, responsável das investigações, que passou à PJ todas as informações suficientes para assim terminar o trabalho da autoria da Polícia Espanhola.
Da operação resultou ainda a indiciação e detenção de mais seis indivíduos, todos estrangeiros e de diversas nacionalidades, os quais se preparavam para, num armazém localizado na Rua de Fervença, da freguesia de Gilmonde, em Barcelos, proceder à extração do produto estupefaciente do interior do contentor, dando-lhe destino que se presume ser fora do território nacional.
Ao grupo, que trazia grandes quantidades de cocaína escondida no fundo de contentores carregados de bananas em navios com origem na América do Sul, destinados à Península Ibérica, tinham sido apreendidos 718 quilos de cocaína no Porto de Algeciras, em Espanha, tendo sido apreendidos em Gilmonde (Barcelos) e Apúlia (Esposende) importantes elementos de prova, designadamente equipamentos eletrónicos e de comunicação, dinheiro, carros de alta cilindrada e ferramentas diversas.