Os seis detidos pela PJ de Braga com 140 quilos de cocaína, escondida no meio de dois contentores com bananas, em Barcelos, ficaram todos em prisão preventiva.
As medidas de coação foram determinadas, já ao início da noite desta sexta-feira, por uma juíza de turno da Comarca de Braga, no caso da alegada associação criminosa que se dedicava a traficar cocaína oriunda da América do Sul para a Península Ibérica.
Segundo fontes judiciais, todos os seis estrangeiros foram já transportados para o Estabelecimento Prisional Regional de Braga, mas continuam as investigações criminais, faltando ainda deter um sul-americano e dois portugueses, mantendo-se o processo em segredo de justiça, sob a direção de uma procuradora da República, do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP).
Ainda de acordo com as mesmas fontes judiciais, a maior parte da droga seria para a região da Galiza, ficando já em Portugal alguma daquela droga dura, sendo sempre o negócio de importação de bananas a cobertura legal para fazer chegar à Península Ibérica a cocaína, em fundos falsos de contentores marítimos, protegida com embalagens que escapam aos detetores de raio-x.
Tal como O MINHO reportou em primeira mão, o grupo foi desarticulado na quarta-feira, entre Barcelos e Esposende, mas a Polícia Judiciária ainda não conseguiu apanhar três dos novos suspeitos, esperando deter o estrangeiro e dois portugueses, que no caso dos dois cidadãos nacionais, o dono do armazém, em Gilmonde, Barcelos, a par do responsável da logística, da Apúlia.
Segundo as fontes judiciais ligadas ao processo, a droga daria para cerca de dois milhões e meio de doses, qualquer coisa como dez milhões de euros, a preços do mercado final de rua, mas remetendo para a PJ estimativas mais fidedignas, embora da parte da Polícia Judiciária continue a haver um mutismo total, não se conseguindo obter uma só única informação pela PJ de Braga.
A razão do silêncio a que se tem remetido a Polícia Judiciária de Braga terá a ver precisamente com o facto de não terem sido apanhados todos os elementos do grupo, como dois portugueses que seriam uma espécie de filial da organização que desde há já cerca de dois anos seria liderada por um galego, Manuel Mariano Duran Gonzalez, o alegado financiador de todas as ações.
A identidade dos três fugitivos, que O MINHO dispõe, mas não divulga, para não prejudicar as investigações criminais ainda em curso. Como a PJ sabe, trata-se do sul-americano responsável das questões burocráticas da importação de fruta, e ainda dois portugueses – o dono do armazém, de Barcelos, e o ‘pivot’ da organização, da Apúlia.
Os seis detidos são todos estrangeiros, com nacionalidades espanhola, holandesa, dominicana e norte-americana, que a Polícia Judiciária de Braga, apoiada pela congénere espanhola, deteve entre Barcelos e Esposende, com epicentro na Apúlia, onde foi montada a base logística de apoio ao desalfandegamento da cocaína, a maior parte da qual tinha a Galiza como o destino final.
Entretanto, em Esposende, onde foi apanhado o líder do grupo, um cidadão galego, Manuel G., o único suspeito que não contactava diretamente a droga, mas, por telemóvel, superintendia as operações, enquanto o seu colaborador mais direto, Adan V., tal como os quatro operacionais, privilegiavam as comunicações por ‘walkie-talkie’.
Aquando da ação da PJ, um dos suspeitos, Adan V., já fazia contra vigilância, na estrada de acesso ao armazém em Gilmonde, mas este mesmo, tido como o adjunto do líder, o galego Manuel G., foi detido pela Polícia Judiciária, com o núcleo dos quatro operacionais, Yunior S., Pedro G., Kurvin B. e Frank C.
Estes quatro operacionais preparavam-se retirar com recurso a rebarbadoras do fundo falso dos contentores com 70 sacos com cocaína, no total de 140 quilos de cocaína, toda em elevado grau de pureza, oriunda do Equador, debaixo da plataforma com carga de bananas, que tinha sido transportada por via marítima até Leixões, desalfandegada por uma empresa, em Matosinhos.
Uma semana antes, as autoridades espanholas já tinham apreendido no Porto de Algeciras, mais de 700 quilos de cocaína, cujo destinatário era o importador português, com sociedades comerciais e o tal armazém, na freguesia de Gilmonde, Barcelos, tendo a partir da operação em Espanha sido então precipitada a ação da Polícia Judiciária de Braga, entre Esposende e Barcelos.
Há muitos anos que a Polícia Judiciária de Braga não fazia uma apreensão tão grande de droga, quebrando um longo jejum, a que não foi estranha a colaboração das autoridades policiais espanholas, que tiveram sempre o domínio de toda a informação, a partir da qual bastou à PJ fazer vigilâncias e seguimentos, para apanhar parte da estrutura do grupo suspeito de narcotráfico.