O advogado do militar da GNR acusado de ameaçar três magistrados do Tribunal de Vila Verde, que está a ser julgado no Tribunal de Braga, requereu a sua libertação, alegando que este não oferece qualquer tipo de perigo, nem em relação aos queixosos, nem a mais ninguém. O pedido é fundado com pareceres médicos, psiquiátricos e psicológicos.
Segundo o advogado bracarense, Amândio Alves, o seu cliente Carlos Pereira Lima, neste momento ainda em regime de obrigação de permanência na habitação (vulgo prisão domiciliária), não preenche nenhum dos requisitos que obrigam à proibição de sair de casa, salientando não existir perigo de fuga, nem em continuar com os escritos nas redes sociais através dos quais foram proferidas as ameaças contra os três magistrados da Comarca de Vila Verde, juíza Alda Sá Faustino e os procuradores da República Ana Isabel Peixoto e Nuno Filipe Ferreira.
É que todos os militares da GNR, sem exceção, desde um oficial-general que o comandou, a partir de Braga, até aos seus camaradas de patrulha, passando pelos sargentos que foram seus diretos comandantes, garantiram que em contraste com os seus escritos na internet, sempre o guarda Carlos Pereira Lima foi cordato com os seus camaradas, nunca teve uma postura agressiva ou sequer indelicada com os seus pares, nem com qualquer cidadão, em trabalho, nos Postos Territoriais de Vila Verde, Gerês ou Terras de Bouro.
O sargento-chefe Manuel Mota, o sargento-ajudante Lima Pereira e o 1.º sargento Carlos Gonçalves, salientaram que o guarda Carlos Lima, andando muito afetado com o facto de ter sido condenado, em Vila Verde, nunca deixou de cumprir as suas tarefas, denotando, inclusivamente, lealdade com superiores, respeitando sempre os cidadãos que contactava.
Afinal não houve desobediência
Um aspeto importante esclarecido finalmente no Tribunal Coletivo, em Braga, é ter-se percebido que o guarda Carlos Pereira Lima nunca desobedeceu a qualquer um dos seus superiores hierárquicos, facto apoiado nos depoimentos dos militares, como foi esta sexta-feira o caso da sargento-ajudante Maria José Costa, que era adjunta do comandante do Posto da GNR de Vila Verde.
De acordo com a mesma graduada da GNR, Carlos Lima, que estava a fazer serviço administrativo e sempre desarmado, não saiu para um trabalho de cariz operacional, por serem essas instruções que recebera de toda a cadeia hierárquica.
Sucede que o cabo que o queria mandar para rua, desarmado, a fazer serviço operacional, além do mais, é pai da advogada que representa a família desavinda com o guarda Lima, segundo foi revelado, na anterior sessão do julgamento, pelo brigadeiro-general Borlido da Rocha, que era à data dos factos o comandante distrital de Braga da GNR, pelo que foi então transferido de Vila Verde para Terras de Bouro, por causa dessa incompatibilidade.
Acerca da postura do guarda Carlos Lima, a mesma sargento-ajudante, Maria José Costa, disse nunca ter recebido nenhuma reclamação de cidadãos acerca do guarda Carlos Lima. Aliás, presenciou que as pessoas saíam agradadas do Posto da GNR de Vila Verde, porque aquele militar nunca deixava de esclarecer quem ali se dirigia com dúvidas dos assuntos relacionados com a GNR, ou mesmo de situações relacionadas com esses temas.
Militares dizem que não oferece perigo
As testemunhas da GNR foram unânimes em garantir durante todo o julgamento que Carlos Lima não oferece perigo, não sendo uma pessoa violenta, o que contribuiu, de acordo ainda com relatórios médicos, para solicitar a sua libertação, porque no documento, de sete páginas, citam-se os pareceres, quer de psiquiatria, quer de psicologia, onde é dito que o guarda da GNR, apesar dos seus escritos, não é agressivo, nem violento.
Face ao requerimento do advogado de defesa, Amândio Alves, o Tribunal Coletivo pediu que se pronunciassem sobre o pedido, o procurador do Ministério Público e os advogados, que representam os magistrados ameaçados, aguardando as suas posições, para se decidir.
Carlos Pereira Lima, com 38 anos, solteiro, natural e residente em Vila Verde, sempre na sua página pública de facebook, intitulada “Hibrahim Carolus”, foi proferindo ameaças à juíza Alda Sá Faustino e aos dois procuradores, Ana Isabel Peixoto e Nuno Filipe Ferreira, com escritos que levaram os três magistrados a temerem o pior, especialmente depois da psicóloga que o seguia ter quebrado o sigilo profissional, por levar a sério essas mesmas ameaças, nas redes sociais, mas principalmente devido a dois telefonemas feitos consigo.
Na origem da indignação do guarda Carlos Pereira Lima, suspenso de funções pela GNR, está o facto de ter sido condenado, com a intervenção dos três referidos magistrados, na Comarca de Vila Verde, na sequência de desacatos com um vizinho, nos quais disparou uma pistola, mas sem atingir ninguém, momento a partir do qual foi desarmado pela GNR.
Assim como os três magistrados, também foram visados, na página de facebook daquele guarda da GNR, Carlos Pereira Lima, quatro cabos da GNR, Gomes, Soares, Fernandes e Martins, tal como um guarda da GNR, Filipe Ferreira, duas advogadas, Bruna Pereira e Isabel Martins, o empresário de Atiães, Manuel Pereira, para além de Maria Inês Pereira.