O ex-pugilista do SC Braga “Edu” Cameselle foi acusado de liderar uma associação criminosa dedicada a tráfico de cocaína, canábis e MDMA, encabeçando 21 suspeitos (16 homens e cinco mulheres) de Barcelos e Viana do Castelo, um dos quais residente na Córsega.
Eduardo Cameselle, de 34 anos, natural e residente em Barcelos, é acusado de liderar um grupo a quem o Ministério Público (MP) imputa crimes de associação criminosa e tráfico de droga agravado, após investigações da PSP de Barcelos.
Recorde-se que o SC Braga, então surpreendido com a situação, aquando da operação policial, afastou imediatamente em definitivo o pugilista.
O MP refere no seu libelo acusatório que “Edu” teria o apoio direto da sua mulher, Daniela Costa, de 35 anos, a par do cunhado de Eduardo Cameselle (irmão de Daniela), João Costa, que esconderia bens na cadeira de rodas.
A acusação da 1.ª Secção do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Vila Nova de Famalicão refere um núcleo duro de sete arguidos (tráfico agravado), outro periférico de oito suspeitos (tráfico simples) e a seis tráfico de menor gravidade.
A PSP apreendeu cocaína suficiente para cerca de 560 doses individuais, haxixe que daria para cerca de 330 doses individuais, 12.800 euros em dinheiro, um revólver com diversas munições e diverso material relacionado com o tráfico de estupefacientes.
As buscas policiais centraram-se mais na freguesia urbana de Arcozelo, em Barcelos, em especial no Bairro 1.º de Maio e na Urbanização do Souto, mas ainda num apartamento na cidade de Viana do Castelo e outro apartamento em Valença.
Uma academia de boxe de “Edu” (Boxing Clube de Barcelos) serviria de cobertura para o tráfico de droga, mais centrado em Barcelos, com ramificações em Viana do Castelo e Valença, segundo as investigações criminais da PSP de Barcelos.
Seis dos arguidos encontram-se há meio ano em prisão preventiva, sendo eles além dos três referidos, Adriano Faria, de 22 anos, de Barcelos, Armindo Barbosa e Vítor Barreto, estes dois últimos moradores em Valença, já com antecedentes.
Uma mulher de 65 anos, aposentada da profissão de operária têxtil, a mãe da companheira de “Edu” e João Costa, também é acusada de integrar esta alegada associação criminosa.
Entretanto, o advogado bracarense João Ferreira Araújo, que defende os principais arguidos, contactado por O MINHO, referiu que não comentará a acusação agora proferida, mas que pela sua parte não pedirá a abertura da instrução, antes do julgamento.
Tráfico na zona ribeirinha de Barcelos
O epicentro do tráfico de droga seria na Rua do Doutor Aníbal Araújo, perto da Junta de Freguesia de Arcozelo, onde dado o crescendo da venda de droga, já haveria uma luta pelo território entre grupos rivais com rixas à mistura.
A PSP de Barcelos apurou que o local predileto para o narcotráfico seria um túnel na confluência das ruas do Doutor Aníbal Araújo e de Tomé de Sousa, numa zona com diversos acessos, o que dificultaria o controlo e as eventuais operações policiais.
O facto de existir nas redondezas a escola da Associação Comercial e Industrial de Barcelos (ACIB), com muitos jovens, seria outro aliciante, mas ultimamente as negociatas estariam a expandir-se à zona ribeirinha de Barcelos, devido à sua vida noturna.
A atividade delituosa sempre investigada pela Esquadra da PSP de Barcelos teria cerca de um ano ininterrupto, com os suspeitos a ser alvo de escutas telefónicas, vigilâncias, seguimentos e outras diligências policiais, tudo para consolidar a prova.
Sabe-se, igualmente, que em especial as drogas duras, o caso da cocaína, seriam adquiridas na cidade do Porto, mais nos bairros sociais vizinhos, da Pasteleira Nova e de Nuno Pinheiro Torres, na freguesia de Lordelo do Ouro, seguindo daí para Barcelos.
A PSP de Barcelos, reforçada por elementos do Comando Distrital de Braga da PSP e da Força Destacada da Unidade Especial de Polícia no Comando Metropolitano da PSP do Porto, irrompeu em outubro de 2023 em casas e estabelecimentos comerciais para desmantelar a rede.