O estímulo da memória, da atenção, do raciocínio, da motricidade e contrariar a solidão nos idosos são alguns dos objetivos da caixa de atividades lançada em Viana do Castelo por um professor primário de 36 anos.
O projeto que pretende “retardar a progressão das demências” foi apresentado publicamente este fim de semana durante a segunda edição da mostra “100% Alto Minho”, dedicada a produtos endógenos da região.
A organização do certame, a cargo a Confederação Empresarial do Alto Minho (CEVAL), atribuiu hoje, ao NeuroSénior o Prémio Inovação.
O autor do projeto, Rui Santos, explicou que o “NeuroSénior” integra uma caixa com atividades de estimulação cognitiva, feitas em madeira por empresas de Viana do Castelo, “para dar uma resposta integrada às necessidades de ocupação e estimulação de idosos, com ou sem demência”.
“A mala pode ser transportada e ao ser desmontada cada uma das suas faces tem uma atividade com desafios simples, de resposta intuitiva que ajudam o idoso, com ou sem demência, a realizar a tarefa”, exemplificou o professor de ensino básico, licenciado pelo Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC) e com uma pós graduação em ensino especial.
O projeto agora apresentado começou a ser desenvolvido há três anos e foi “testado em mais de uma centena de idosos”, tendo envolvido “uma equipa multidisciplinar, composta por neuropsicólogos, enfermeiros que trabalham na área da demência, profissionais de educação especial, entre outros”.
A ideia, explicou Rui Santos, surgiu “da necessidade de ter materiais com que os idosos pudessem desenvolver as suas capacidades cognitivas”.
“Inicialmente utilizei peças em papel ou cartão mas senti necessidade de algo mais resistente”, disse o professor.
Rui Santos sempre desenvolveu atividades de expressão musical em lares de terceira idade em Viana do Castelo, Ponte de Lima e Braga.
“Fui buscar competências do ensino básico e apliquei-as às atividades com os idosos e surtiu efeito”, referiu o docente, natural de Braga mas que estudou, vive e trabalha no distrito de Viana do Castelo.
Atualmente a trabalhar a tempo inteiro numa instituição em Ponte de Lima, Rui Santos disse que “o principal benefício que os jogos trazem é a enorme satisfação que os idosos sentem com a realização de uma tarefa”.
“Os desafios propostos pelos equipamentos são desenhados com o intuito de manter os utilizadores envolvidos e são passíveis de serem utilizados de forma independente, permitindo uma menor supervisão do cuidador”, explicou.
Segundo Rui Santos, além de proporcionar “momentos de relacionamento, interação, intensificação da relação e socialização”, os equipamentos podem, simultaneamente, “permitir momentos de menor índice de atenção do cuidador ou do técnico”.
O NeuroSénior “permite desenvolver a motricidade fina e ampla, praxias, gnosias, atenção, memória, funções executivas e linguagem”.
O projeto, que este fim de semana apresentou uma caixa de atividades, prevê ainda o lançamento de mais quatro, sendo que o valor varia entre os 150 a 170 euros.
A médio prazo, referiu, o objetivo é “dotar todas as instituições que trabalham com seniores de uma mala de atividades e fazê-la chegar também aos idosos que não estão institucionalizados”.
Durante a participação na mostra “100% Alto Minho” a Câmara de Viana do Castelo “adquiriu uma caixa de atividades para cada uma das instituições do concelho que trabalham com idosos”.
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