A curiosidade e a desolação dos populares, portugueses e espanhóis, têm sido nos últimos dias as notas dominantes junto às barragens do rio Lima, especialmente a do Alto Lindoso, que é o mais potente produtor hidroelétrico nacional. Esta barragem faz parte das 15 suspensas desde sábado com o objetivo de criar uma reserva de água em caso de falhas no abastecimento de energia. E daí o seu interesse acrescido por esta altura.
À Barragem do Alto Lindoso, entre Lindoso (Ponte da Barca) e Soajo (Arcos de Valdevez), que desde há 30 anos domina aquela zona fronteiriça do Alto Minho, todos os dias acorrem agora muitos curiosos, quer da Galiza, especialmente das províncias de Ourense e de Pontevedra, quer da região norte de Portugal, concentrando-se diversos populares ainda na Barragem de Touvedo, a jusante da Barragem do Alto Lindoso, mas também ainda na ponte sobre o rio Lima, entre Lobios e Entrimo.
Conhecida pelos seus recordes e inovações, como ter a maior queda entre o nível da albufeira e a sala das turbinas, para além do seu elevador ser um dos mais altos e mais rápidos da Europa, a Barragem do Alto Lindoso, a exemplo dos outros grandes aproveitamentos hidroelétricos portugueses, bateu este ano o seu recorde negativo, que é agora cerca de 20 por cento da sua capacidade total. Não há mesmo memória de tão baixos níveis, nem mesmo na antiga Barragem de Lindoso.
As comportas em aço dos paredões em betão armado estão encerradas, havendo apenas saída de água pelos seus caudais ecológicos, os jatos que se projetam continuamente ao fundo da estrutura gigantesca, a exemplo do que sucede nas restantes 14 grandes barragens portuguesas abrangidas pelo plano de contingência, como as suas vizinhas Vilarinho da Furna (rio Homem), Caniçada, Salamonde e Paradela (rio Cávado), além do Alto Rabagão (rio Rabagão), situadas no ampla região dos distritos de Viana do Castelo, Braga e Vila Real, que coincide com o Parque Nacional da Peneda-Gerês.