Amares: Cão perde parte da língua após contacto com lagarta do pinheiro

Diretor de clínica veterinária deixa alerta

Os casos têm diminuído, mas continuam a surgir quando menos se esperam. O contacto de animais com as lagartas do pinheiro (Thaumetophoea pityocampa), vulgarmente conhecidas como “processionárias”, provoca lesões que podem ter consequências graves, como a perda de parte da língua.

Um desses casos aconteceu recentemente em Amares e foi divulgado esta quinta-feira pela Clínica Veterinária de Santa Catarina. Uma cadela de raça Pastor Alemão, de seu nome Viena, efetuou um contacto direto com aquele inseto invasor e acabou por sofrer necrose em boa parte da língua, parte essa que acabará por cair.

O diretor da Clínica, Fernando Magro, explicou a O MINHO que a zona da língua que aparece com uma cor esbranquiçada tem já as células mortas após o contacto direto com uma ‘processionária’. Já não houve muito a fazer pela Viena, mas certamente a cadela irá adaptar-se à nova forma de utilizar a língua. Felizmente, não foram afetados focinho nem esófago, que são quadros mais graves que podem levar à eutanásia.

Viena. Foto: Cortesia Clínica Veterinária de Santa Catarina

O diretor explica que existiram mais casos no passasdo, mas como os pinhais têm sido susbtituidos pelos eucaliptais, a praga da lagarta estará menos intensa, embora continuem em “procissão”, na altura da primavera, depois de caírem dos casulos que habitualmente constroem em pinheiros.

Por estes insetos se encontrarem muitas vezes em fila, ao longo dos terrenos rurais (e até urbanos), os animais como cães e gatos, curiosos por natureza, vão lá mexer com o nariz ou até com a boca, acabando por sofrer com uma substância bastante tóxica – uma tática de defesa da lagarta do pinheiro que pode levar o ‘inimigo’ à morte.

Fernando Magro explicou a O MINHO que o veneno “causa lesão dos tecidos e até a morte tecidular, geralmente na zona da bochecha ou da língua”. Quando acontece na lingua, e dependendo da quantidade do veneno, a lesão pode ser maior ou menor.

Viena. Foto: Cortesia Clínica Veterinária de Santa Catarina

“Há a situação em que o animal perde apenas o bordo exterior da lingua – uma perda de um centímetro na parte mais extrema da lingua. Mas tive um caso em que o animal perdeu 75% da língua. Mesmo assim conseguiu sobreviver, mas passou a comer como os perus, ou seja, virava a cabeça para cima para empurrar a comida depois de a mastigar. E com a água fazia a mesma coisa”, relatou o responsável pela clínica.

É necessário atuar imediatamente

Fernando Magro dá nota de dois factores que determinarão a gravidade das lesões sofridas pelos animais. O primeiro não é controlável e tem a ver com o momento da exposição, ou seja, se o contacto foi prolongado e se a substância tóxica atingiu grande parte do tecido corporal.

Mas há um factor determinante (e controlado) que pode evitar o agravar das lesões, que é o socorro imediato, ou o mais rápido possível.

Casulos de processionária ainda nos pinheiros. Foto: DGAV

“Imagine que [o contacto com a lagarta] acontece por volta das 18:00 horas, e as pessoas não se apercebem que o bicho não está bem. Só no dia seguinte é que percebem, mas aí, as consequências vão ser maiores”, vaticina.

Por outro lado, “quando acontece e os tutores se apercebem, ou porque o animal gane ou porque baba, é importante levar logo o bichinho ao veterinário. Aí conseguimos aplicar antiinflamatório rápido, introduzir antibiótico, e fazer uma boa limpeza da ferida. Só assim se consegue fazer com que as sequelas sejam menores”, concluiu.

O que diz a DGS?

De acordo com a Direção-Geral da Saúde, a ‘processionária’ “é o principal insecto desfolhador dos pinheiros e cedros em Portugal e o seu nome advém-lhe do facto de constituir longas procissões de lagartas que se dirigem das árvores para o solo, onde irão crisalidar”.

Lagartas do pinheiro em procissão. Foto: CM Moita

Apesar do proliferar dos eucaliptos em função dos pinheiros, a DGS assegura que “têm-se observado ataques de elevada intensidade desta praga, facto que se atribui principalmente às condições climáticas verificadas”.

“Em ambiente urbano, este inseto impõe uma vigilância constante e combate urgente (…) sobretudo em caso de ataques severos e sucessivos, dadas as consequências que pode trazer em termos de saúde pública”, adverte o organismo.

As “lagartas do pinheiro” têm também efeitos nocivos nos humanos, sobretudo em crianças, causando-lhes sinais e sintomas de reacção alérgica, como urticária, irritações na pele (geralmente ardor, comichão e manchas avermelhadas na pele), irritações nos olhos (olhos avermelhados, inchados e com comichão) e alterações no aparelho respiratório (dificuldade respiratória).

Contactos úteis:
Centro de Informação Antivenenos – 800 250 250
INEM – 112

 
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