O quarto domingo de cada mês é dia de concentração dos Carochas do Berço no largo da Feira, em Caldas das Taipas. Os participantes integram o Núcleo do VW Ar Clube de Portugal que tem sede em Viana do Castelo.
O nome “VW Ar Clube”, vem do tipo de motores que servem de passaporte para entrar neste clube. Trata-se de um grupo restrito de máquinas equipadas com motorizações refrigeradas a ar do grupo VW. Estão aqui incluídos os muito conhecidos “carochas”, mas também vários modelos da Porsche e outros modelos VW, como o furgão “Pão de Forma”, o Brasilia, Karmann-Ghia, entre outros.
Este domingo, o segundo “carocha” mais antigo de Portugal, de 1951, saiu à rua para apanhar sol. Fernando Antunes é o orgulhoso proprietário da máquina cuidadosamente restaurada. “Está tudo como no original, os estofos e as alcatifas foram uma das coisas que deu mais trabalho, tive de mandar vir um rolo de tecido da Alemanha”, afirma o orgulhoso proprietário. Este carro percebe-se que é diferente da grande maioria dos “carochas” que estamos habituados a ver: a janela da frente é completa, sem o vidro em triangulo, o óculo traseiro é dividido em duas metades, há entradas de ar para o habitáculo nas laterais, à frente das portas, o tablier tem dois espaços para guardar objetos, mas sem tampa…
Os proprietários restauram estes carros mantendo-se o mais fiéis possível aos originais. Extras, só os que já existiam na época de cada carro. É o caso dos espelhos retrovisores exteriores, “naquela época os carros só tinham espelhos interiores, os retrovisores fora do habitáculo eram um extra”, explica José Alberto Ribeiro, o presidente dos Carochas do Berço e vice-presidente do VW Ar Clube de Portugal.
Alguns dos carros têm extras de luxo
O Zwitter, de 1952, é uma versão rara do carocha que só foi fabricada durante seis meses. José Alberto tem um na sua coleção de oito máquinas deste tipo. É um modelo cheio de pequenos extras, como o volante de três braços e o manómetro do nível da gasolina (um luxo na época). Estes carros têm detalhes que vale a pena observar, como as setas “pisca pisca”, que só tinham iluminação se o carro tivesse as luzes acesas. Este mecanismo de sinalização durou até agosto de 1960.
“Estes encontros mensais são o momento para conversarmos e trocarmos ajuda. Um é mecânico o outro é pintor, um tem um problema, o outro sabe como resolver. Ao mesmo tempo damos os carros a ver”, esclarece José Alberto. O encontro coincide com a Feira Mensal de Velharias e os carros acabam por ser um ponto de interesse adicional para quem vem pelas antiguidades.
“Costumávamos fazer estes encontros em Guimarães, mas achamos que aqui faz mais sentido, potenciamos a feira que também nos traz pessoas”, justifica o presidente. O Carochas do Berço é o maior núcleo do VW Ar Clube de Portugal, com entre 30 a 40 proprietários, alguns deles com vários carros.
A força do núcleo sentiu-se quando, mesmo em pandemia, conseguiu juntar mais de cem carros e 198 pessoas, no Magusto dos Carochas do Berço 2021. José Alberto está desiludido com a falta de apoio e afirma que esta 12º edição foi a última em Guimarães, pela falta de apoios. O grupo também é muito ativo na Póvoa de Lanhoso, onde existe um monumento ao “carocha”, inaugurado em junho de 2021.
Deve ser nas festividades de São José, na Póvoa de Lanhoso, que os Carochas do Berço agora irão concentrar a sua atividade.
Até lá, é possível ver os “carochas” no quarto domingo de cada mês, no largo da Feira, na vila das Taipas. Como nem sempre vêm os mesmos sócios, é possível encontrar carros diferentes em cada visita. O ambiente é informal e os donos gostam de falar dos pormenores das suas máquinas e do processo de restauro.
O primeiro “carocha”, ou “Type 1”, saiu da fábrica, na Alemanha, em 1945 e o último foi fabricado no México, em 2003. Na Alemanha deixou de se produzir em 1974. Ao todo foram fabricados 21 529 464, dos quais 15 800 000, no país de origem.