À saída do último eleitor, às 20:00, os membros da mesa de voto instalada na Escola Básica de Fraião, em Braga, fechavam as portas da escola, contavam o número de votantes assinalados no caderno eleitoral, recolhiam os biombos de voto e sobre as mesas vazias vertiam, do interior de uma urna, os boletins eleitorais. Por todo o país, repetia-se o exercício. Boletim a boletim, voto a voto, começava a contagem.
Escutou-se a vontade popular, para a eleição de representantes na Câmara Municipal, Assembleia Municipal e Assembleia de Freguesia. À noite, foguetes rebentavam no centro histórico de Braga. Ricardo Rio é presidente da Câmara Municipal e Ricardo Silva vence, como independente, a freguesia de São Victor. Durante o dia, mais de 94 mil cidadãos exerceram o direto democrático de voto.
É um esforço de titã, mobilizar gente para as mesas de voto, reorganizar o espaço das escolas, colocar infraestruturas ao serviço da democracia. Este ano, mais do que o habitual, as escolas públicas foram o palco do sufrágio autárquico.
Na escola do 2.º e 3.º ciclo André Soares, no liceu Sá de Miranda, no secundário Carlos Amarante, na escola do 2.º e 3.º ciclo Frei Caetano Brandão, em Maximinos, na escola básica da Estrada, em Ferreiros, ou na escola básica de Fraião, por onde O MINHO foi colhendo impressões dos eleitores, organizadores, presidentes de junta e membros de mesas de voto, havia no ar uma movida comum, um sentimento de causa, ou de dever cívico para cumprir.
Ricardo Afonso, 25 anos, atribuiu o seu voto numa urna espalhada pela secundária Calos Amarante. Vive há pouco tempo em Braga, mas já reconhece falhas a São Victor. “A freguesia está a ficar sobrelotada e o valor das rendas inflacionado” afirma, enquanto salienta “o voto é um dever de todos”.
André dirigiu-se à Escola André Soares para votar. “A nossa geração é a geração à rasca”, conta o eleitor de 34 anos, que foi prestar o seu voto, porque “não se pode reclamar sem se exercer este direito, os jovens agora estão um pouco separados da política, mas os nossos pais lutaram pelo voto”.
Cidadãos presentes em listas autárquicas e militantes da base dos partidos garantem o funcionamento escrupuloso e rigoroso do sufrágio. Luís Carlos Teixeira era o 10.º nome da lista do PS, a concorrer à Assembleia de Freguesia de Nogueira, Fraião e Lamaçães. Aos 23 anos, está numa das mesas de voto distribuídas pelas salas, da escola básica de Fraião. “Acredito em causas e em projetos”, responde Luís, quando questionado sobre o que o leva a ser delegado na mesa de voto.
Após as 20:00, enquanto os membros da mesa de voto calculam o número de votantes, assinalados no caderno eleitoral da freguesia, que será comparado proporcionalmente – 1 eleitor/ 3 boletins – com o número de boletins no interior da urna, Goreti Machado, presidente da Junta de Freguesia, vai articulando com os demais: “É preciso começar a arrumar o material, para amanhã, a escola poder funcionar normalmente”. Amanhã, a escola pública continua a educar os eleitores do futuro.
Vinte minutos depois do encerramento do horário de voto, oito da noite, a presidente da mesa abre a primeira urna.
Começa a contagem. Em Fraião foi rápida, e Goreti Machado perdeu o mandato, para o socialista Pinto de Matos.
Mas, no concelho de Braga, só durante a madrugada, é que os resultados se consumaram.
Resultados eleitorais de madrugada
A coligação “Juntos por Braga” venceu, com maioria absoluta, as eleições para a Câmara, com 42.86% dos votos, obtendo seis mandatos, menos um do que nas eleições autárquicas de 2017. O segundo lugar ficou para o Partido Socialista, com 30,69% dos votos, elegendo quatro vereadores, um a mais, do que nas últimas eleições autárquicas.
A terceira força mais votada para a Câmara foi a CDU, com 6,73% dos votos, dando continuidade ao lugar de vereação, que já tinha conquistado, há quatro anos. Em quarto ficou o Chega, com 4,68%, seguindo-se o BE (4,20%), o IL (2,93%), o PAN (2,74%) e o Livre (0,61%). Os votos brancos e nulos representaram 4,56% do eleitorado.
Percentualmente, 43,06% dos inscritos para voto abstiveram-se, de um universo com 166.180 eleitores.
Assembleia Municipal
Na Assembleia Municipal, a coligação “Juntos por Braga”, PSD/CDS/PPM, não consegue maioria, elege 16 deputados e irá fazer conta com 13 deputados do PS, três do PCP, dois do CH, dois do BE, um do PAN e um da IL.
Em 2017, os eleitores haviam atribuído, 20 lugares da Assembleia Municipal à coligação, bem como 12 ao PS, quatro à CDU e dois ao BE. Três novas forças políticas estreiam-se municipalmente: Chega, Iniciativa Liberal e PAN.
São Victor Independente
A cisão de Ricardo Silva com a coligação “Juntos por Braga”, motivou o autarca a formar uma lista e a concorrer como independente, para a Assembleia de Freguesia de São Vítor. A freguesia com mais eleitores no concelho de Braga foi a última a encerrar a contagem dos votos e escapou às garras da coligação de direita, que venceu as eleições para a Câmara Municipal.
RS21, a candidatura de Ricardo Silva obteve 37,59 % do total de votos, um resultado consagrado em 8 mandatos, enquanto o candidato da coligação, para a Assembleia de Freguesia de São Vítor, Firmino Marques não ficou além de 26,46 % dos votos. Seguiu-se o PS (17,81 %), a CDU (5,54 %), o BE (4,67 %) e o CH (3,56 %).
Votaram 11.700 cidadãos, de 25.417 inscritos.