Aos 98 anos, Joaquim Lopes é um dos protagonistas do projeto “A música portuguesa a gostar dela própria”, orientado pelo realizador, documentarista, radialista e visualista, Tiago Pereira, que visa promover e divulgar a música portuguesa.
Com apoio da Câmara de Celorico de Basto, o projeto esteve no concelho para registar em áudio, vídeo e fotografia alguns dos intérpretes musicais daquela região, desde “grupos organizados, os amigos que cantam, comem e bebem, o rapaz novo que faz rap, as velhinhas que sabem responsos e rezas, os grupos de cavaquinho, as mulheres que cantam em polifonia, os fadistas, os músicos que animam casamentos e que depois fazem as suas músicas, os jovens, os velhos, os que são de lá mas que vivem nas cidades”.
Neste caso, Joaquim Lopes é o “projeto 3208”. Com 76 anos de cavaquinho, conta que aprendeu a tocar quando “andava na escola com um irmão mais velho”.
“O meu irmão não teve tendência para os instrumentos para tocar. Em casa, ele ia tocar cavaquinho, e eu estava sempre à espera que ele deixasse para pegar eu nele. Era a força de vontade que puxava. Eu comecei daí para cá, veja bem, há quase 80 anos”, recorda o celoricense.
Joaquim Lopes nunca aprendeu em escolas ou com outros mestres: “Gostava de aprender, mas nunca tive vida para isso. Foi sempre música do ouvido. É preciso perder muito tempo e dedicar-se aquilo sem andar a pensar em outras coisas. Sempre tive de trabalhar para comer. Era assim”.
Para o projeto audiovisual, com transmissão em canais como a Antena 1 e a RTP, Joaquim Lopes tocou a música Ferreiro.
A Associação “A Música Portuguesa a Gostar Dela Própria” é um projeto português, criado em 2011 pelo realizador Tiago Pereira, que tem como missão “recolher, gravar e divulgar todo o património de tradição oral e memória coletiva existente no país”.
“Canções, romances, contos, práticas sagradas e profanas, música, dança e também gastronomia têm sido os principais conteúdos gravados”, pode ler-se na descrição da associação.
A 25 de maio de 2021, conta com mais de 5727 vídeos, de 3211 projetos musicais diferentes, gravados por todo o país continental e insular.
O portal da associação é hoje “um dos maiores arquivos audio-visuais de tradição oral e memória coletiva existente em Portugal”.