As esplanadas do centro de Braga encheram-se, esta segunda-feira, primeiro dia da segunda fase do plano de desconfinamento anunciado pelo Governo. As ruas da cidade dos Arcebispos estão repletas de gente, ao que ajudou o bom tempo e também o facto de na região a segunda-feira de Páscoa ser “feriado” para muitas pessoas.
“Nós chegamos a Portugal, em janeiro, vindas do Brasil, e estamos há três meses de lockdown (confinamento). Hoje, foi ótimo sairmos um pouco de casa, para nos sentarmos numa esplanada a apanhar sol”, comentam Roberta e Rafaela, estudantes brasileiras a tirar mestrado na Universidade do Minho.
“Foi um grande choque, para nós. Sozinhas, sem a nossa família, passar um inverno inteiro, com tudo fechado em Portugal. Quando nos sentámos, hoje, na esplanada, a beber uma cerveja, ainda tivemos algum receio de estar a fazer algo errado, mas as esplanadas estão cheias e há muita gente na rua, por isso está tudo bem”, sorriem as estudantes universitárias, que podem, ao fim de três meses, descontrair um pouco.
Menos descontraído está o dono da Casa Favorita, estabelecimento clássico, da cidade de Braga, a funcionar desde 1935. “Foi o dia todo a correr, muita gente na rua, na esplanada, e ainda bem”, comenta Luís Ferreira, o proprietário.
“Nós, felizmente, vendemos muito para fora, ao postigo. No entanto, é muito melhor trabalhar com a esplanada, principalmente porque podemos ver a alegria das pessoas. Nesse aspeto, anímico, o sol também ajuda”, conta Luís, proprietário da Favorita há 5 anos.
“Muita gente que não gostava de beber café ao postigo agora já se pode sentar a tomá-lo. As pessoas estão a beber cerveja, enfim, a recuperar um pouco a normalidade. Tentamos manter sempre os cuidados de higiene e alertamos as pessoas, para fazer o mesmo. Evitamos grupos na esplanada”, acrescenta o proprietário.
Não só as esplanadas reabriram, como diversos espaços comerciais encontram-se agora aptos a receber os clientes dentro das lojas. As restrições de circulação no interior dos estabelecimentos e o número limite de pessoas está a provocar pequenas filas à porta dos mesmos.
“Arranque prometedor”
Rui Marques, diretor geral, da Associação Comercial de Braga, afirma “que este dia representa um arranque prometedor, para o comércio da cidade”.
“A reabertura das esplanadas e do comércio, neste dia de sol, faz nos sentir, novamente, a cidade a funcionar. Isto é uma mais-valia para a cidade. O centro histórico começa agora a regenerar-se, das feridas da pandemia. Hoje é um dia especial, muita gente está de folga e há muita gente a circular pelo centro histórico. É, sem dúvida, um sinal positivo, para os estabelecimentos comerciais da cidade”, conclui, com positividade, Rui Marques.
“Quando estamos a tomar o café, seguramente não estaremos com máscara”
Na passada quinta-feira, aquando do anúncio das atividades que iriam abrir hoje, segunda fase do desconfinamento, o primeiro-ministro, António Costa, recomendou que se mantenham “todas as cautelas”.
“As esplanadas poderão abrir, mas gostaria de recordar que não pode haver grupos com mais de quatro pessoas e que, mesmo na esplanada, devemos manter todas as cautelas”, afirmou, na conferência de imprensa após o Conselho de Ministros, no qual o executivo decidiu avançar com a segunda fase do plano de desconfinamento, conhecido em 11 de março.
“Obviamente, quando estamos a tomar o café, seguramente não estaremos com máscara. Quando permanecemos no café, mesmo ao ar livre, devemos manter a máscara”, acrescentou o governante.
Hoje, as lojas com porta para a rua com menos de 200 metros quadrados deixam de ter de vender ao postigo e passam a poder ter as suas portas franqueadas ao público, para, de acordo com a rotação e as regras da Direção-Geral da Saúde, poderem fazer atendimento presencial.
Nesta segunda fase de desconfinamento reabrem também os ginásios, mas ainda sem aulas de grupo.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.853.908 mortos no mundo, resultantes de mais de 131,2 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 16.885 pessoas dos 823.494 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.