O PRR- Plano de Recuperação e Resiliência que o governo pôs em discussão pública e que se destina a planear o investimento dos 13 mil milhões que a União Europeia disponibiliza a Portugal, a fundo perdido, “não tem nem um cêntimo para Braga”. A constatação é do seu presidente, Ricardo Rio, em comentário feito a O MINHO.
Entre os projetos que o Município reivindica, de 150 milhões de euros, está o do BRT – Bus Rapid Transit (Autocarro Rápido de Transporte) que os TUB- Transportes Urbanos apresentam como “um sistema de transportes público de alto nível e qualidade que funcionará com veículos rodoviários de passageiros em canal dedicado, ao longo de quinze quilómetros, com prioridade nos cruzamentos”.
O estudo inicial, coordenado pelo ex-administrador Batista da Costa e apresentado no primeiro mandato de Ricardo Rio – e cuja versão final pode sofrer ajustes – refere que, “a inserção urbana em zonas mais delicadas, em particular no centro histórico, permitirá que o BRT conviva pontualmente com peões e trânsito banalizado”.
Os veículos BRT, esteticamente agradáveis, terão design moderno que os aproximam do metro de superfície. As estações com entrada em nível facilitarão o acesso a pessoas de mobilidade reduzida. As validações serão efetuadas nas estações, diminuindo o tempo de cada paragem para um máximo de 20 segundos, duplicando a atual velocidade comercial. O motorista limitar-se-á à função de conduzir. Assim, a atratividade dos transportes públicos “aumentaria muito” em Braga.
Ganhos de tempo
E os TUB davam um exemplo. “Hoje em dia uma viagem entre Novainho (Gualtar) e Ferreiros (CP) servindo o centro histórico, numa distância de 7 Km, demora em transporte público entre 40 a 60 minutos, com uma velocidade comercial de 7 a 11 Km/h. Com o BRT o tempo de viagem diminuirá em 15 minutos e a frequência será de 5 minutos”. Os 15 quilómetros projetados para o BRT formarão um anel, o designado “Anel da Mobilidade”, que será o sistema regrante sobre o qual rebaterão as outras linhas dos TUB.
Os TUB previam que estivesse em funcionamento em 2025 com um custo de 150 milhões de euros, valor que inclui a regeneração urbana ao longo do seu traçado. O programa do governo incentiva a implementação de serviço de BRT, que combinam a capacidade e velocidade do metro a um custo muito inferior, constituindo, por isso, uma janela de oportunidade para os TUB. Mas, nem por isso, o PRR contempla Braga.
Câmara reivindica
Há dias, e conforme O MINHO noticiou, o presidente da Câmara de Braga reivindicou a reformulação do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), que classificou de “excessivamente centralista”, e exigiu que contemple projetos estruturantes para a cidade, como o “Bus Rapid Transit” (BRT). Em carta enviada ao primeiro-ministro e aos ministros do Ambiente e Transição Climática e do Planeamento, Ricardo Rio diz que, no PRR colocado em discussão pública, é uma “fonte de desilusão o parco estímulo à competitividade e à capacitação do tecido empresarial e o flagrante esquecimento das áreas da cultura e do desporto. Acrescenta que o BRT é a solução de transporte coletivo que melhor se adapta à dimensão da cidade.
Uma solução “fiável, moderna, atrativa e com capacidade de transporte elevada”, cuja implementação está prevista para a zona mais densa do concelho, onde habitam cerca de 120 mil pessoas.
“O município e os Transportes Urbanos de Braga apresentam capacidade técnica, know-how e maturidade para assegurar a futura gestão deste projeto”, assegura Ricardo Rio.
A implementação do BRT tem um custo estimado de 150 milhões de euros, que inclui os estudos e fiscalização, as obras de inserção urbana, veículos, sistemas de bilhética e centro de controlo.
“Elevando a cidade para um patamar superior de sustentabilidade e qualidade de vida, é um projeto essencial para o esforço coletivo de alcançar as metas europeias para a neutralidade carbónica”, esgrime ainda o autarca.
Na carta, Ricardo Rio defende que as respostas sociais e a rede viária devem ser prioridades do PRR.