O projeto TecMeUp, promovido pelo Instituto São João de Deus, em Barcelos, conquistou o terceiro lugar do Prémio AGIR da REN, foi hoje anunciado.
Em comunicado, a instituição explica que o TecMeUp visa ajudar as pessoas com doença mental a terem maior independência e autonomia, fornecendo-lhes ferramentas digitais necessárias para conseguirem entrar no mercado de trabalho.
Numa primeira fase, o projeto-piloto envolve oito beneficiários da região de Barcelos.
Através do TecMeUp, o Instituto São João de Deus quer aumentar as competências digitais de pessoas com doença mental. Esta formação decorre ao longo de 12 semanas, entre sessões individuais e em grupo, e trabalha competências vocacionais, digitais e tecnológicas, tais como aprender a fazer um currículo, criar um email ou aceder às redes sociais, melhorando as suas capacidades de conseguir e de manter um emprego.
No entanto, realça a instituição, o TecMeUp não se esgota apenas nesta vertente. Tem ainda uma componente de trabalho junto dos empregadores, formando-os e capacitando-os nos domínios de promoção da saúde mental e integração de pessoas com doença mental no mercado de trabalho, assim como na promoção da saúde mental dos seus colaboradores.
Este projeto-piloto permitirá ainda criar um manual de procedimentos a seguir quando o âmbito do projeto for alargado.
O ISJD salienta que “tem vindo a assumir um percurso menos assente numa lógica de cuidados assistencialistas, para uma lógica baseada na intervenção comunitária e promotora do autoconceito, independência e autodeterminação das pessoas com doença mental”.
Assim, nos últimos 10 anos apoiaram mais de 270 pessoas, reduzindo em 90% o número de dias de internamento necessários. O trabalho do ISJD permitiu que 45% das pessoas apoiadas estejam hoje a trabalhar ou com alguma forma de ocupação estruturada.
De acordo com Isabel Bragança, diretora da Casa de Saúde de S. João de Deus, citada em comunicado, “o prémio AGIR 2020 abre uma janela de oportunidade para o reforço da nossa intervenção junto das pessoas com doença mental”.
“O risco de exclusão com que esta população se depara é crítico, particularmente na acessibilidade ao emprego. Este reconhecimento, para além de validar a estratégia delineada em 2010 para esta resposta de proximidade, promove um espaço de sensibilização para uma realidade muitas vezes escondida. Em nome dos utilizadores atuais e potenciais da resposta, muito obrigada”, acrescenta a responsável.
O Prémio AGIR enquadra-se na política de envolvimento com a Comunidade e Inovação Social da REN. Anualmente, o Prémio AGIR seleciona uma área de intervenção social e distingue três projetos. As últimas edições foram dedicadas aos temas “Promoção do Sucesso Escolar e Combate ao Abandono Escolar” (2019), “Preservação do património natural” (2018); “Inserção Laboral de Pessoas com Deficiência” (2017); “Combate à Pobreza e Exclusão Social” (2016); “Envelhecimento Ativo” (2015) e “Criação de Emprego” (2014).