A sexta edição do festival de circo contemporâneo Vaudeville Rendez-Vous decorre de 24 a 27 de julho e chega este ano a quatro cidades do Minho, com Barcelos a juntar-se a Vila Nova de Famalicão, Braga e Guimarães.
Com mais de 40 atividades planeadas, entre espetáculos e oficinas para artistas e interessados na prática, o evento terá nove estreias, seis nacionais e três absolutas, num programa de entrada gratuita que passa a contar com Barcelos, completando o ‘quadrilátero’ que também dá nome a um projeto de cooperação intermunicipal.
A inclusão do território barcelense “era um desejo já antigo”, depois de arrancar em Famalicão, em 2014, e alargar-se a mais duas cidades em 2016, e o aumento de espaço geográfico significa que o festival “passa a ter uma escala regional” e tem “tudo a ganhar com a sustentabilidade e trabalho em rede”, explicou à Lusa o diretor artístico, Bruno Martins.
“Ganhamos escala, trazemos e apoiamos mais artistas, conseguimos fazê-los circular pelas quatro cidades, e isso é muito bom para a região, para nós, e mais atrativo para artistas internacionais, por poderem apresentar as peças mais que uma vez”, acrescentou.
É precisamente em Barcelos, no Largo da Porta Nova, que o evento vai arrancar, pelas 22:00, com a estreia nacional do espetáculo de abertura, “A Simple Place”, da companhia australiana Gravity & Other Myths.
Depois de vários anos mais concentrados na expressão francófona, “este ano há um lado interessante e curioso de criações anglo-saxónicas”, como o espetáculo de abertura ou “Sigma”, dos britânicos Gandini Juggling, em Braga e Guimarães, com malabarismo “e danças tradicionais indianas”, um cruzamento artístico também em “Pelat”, do espanhol Joan Catalã, entre “a dança, o teatro e o circo”.
Em português, Elvis Mendes apresenta “A Fábrica da Mentira”, uma coprodução do festival, que em 2018 lhe atribuiu a edição inaugural da bolsa de criação para estudantes nacionais, mas também “Um Belo Dia”, de Dulce Duca, e uma produção do grupo Coração nas Mãos.
A programação inclui ainda propostas dos franceses Cirque Exalté e La COntrabande, Amir e Hemda, a companhia britânica Ockham’s Razor, uma colaboração de Jorge Lix com o francês Jonathan Frau ou os alunos do Instituto Nacional de Artes do Circo (INAC), dirigidos por Roberto Magro.
Bruno Martins tem visto “um impacto na criação artística” na área do circo contemporâneo, não só do Vaudeville Rendez-Vous “como também de outros festivais”, sendo que o evento que dirige tem marcado também a região, onde “os artistas agora vão produzindo e ensaiando”.
“Acho que existe uma maior expressão do ponto de vista da criação portuguesa. Há mais criação, e há mais programação, com mais festivais e teatros a programar, e isso é uma motivação acrescida para muitos”, referiu.
Os passos “seguros mas tímidos” do novo circo português também se manifestam na sexta edição, com um Laboratório de Criação para Circo Contemporâneo, entre 22 e 24 de julho, orientado pelo italiano Roberto Magro.
Dirigido a profissionais e estudantes, aproveita-se “o ponto de encontro para trabalhar a direção e encenação” nesta prática artística, algo “praticamente inexistente em Portugal”, dando “mais ferramentas para poderem criar-se projetos”.
O festival integra ainda um debate sobre a produção cultural e artística em Portugal e uma série de oficinas de inscrição gratuita para interessados nas artes circenses, algo “muito importante” para a organização, “para que o público esteja cada vez mais familiarizado com esta linguagem”.
O Vaudeville Rendez-Vous é organizado pelo Teatro da Didascália em parceria com os quatro municípios que o acolhem, tendo contado com mais de 15 mil espectadores em 2018.