“Sete” é o nome do espectáculo que envolve mais de 100 pessoas em palco e que vai estar em cena no anfiteatro natural do Parque da Cidade de Guimarães nos dias 29 e 30 de junho, às 21:30.
90 vozes vão juntar-se a um ensemble de músicos para apresentar um exercício sobre a humanidade. A memória, o tempo, o medo e a coragem, o bem e o mal, tudo consagrado num espetáculo único que envolve o projeto de comunidade Outra Voz.
Os jovens cantores da SMG – Conservatório de Guimarães juntam-se ao grupo de comunidade Outra Voz, sob a direção de Marisa Oliveira, e serão acompanhados pelo ensemble de sopros, percussão e gaita de fole, dirigidos pelo músico vimaranense Rui Souza.
Todo este evento conta com a coordenação de Carlos A. Correia, também responsável do projeto Outra Voz, e a cenografia está a cargo do artista plástico Daniel Costa.
Outra Voz
Seis grupos de ensaios, seis laboratórios de criação, seis diferentes freguesias do concelho de Guimarães. Mas todos articulados à volta dos textos, cantigas, lengalengas, histórias e experiências.
A “Outra Voz”, porque é da voz e dos seus inúmeros atributos que se fala, nasceu em 2010 a tempo de Guimarães Capital Europeia da Cultura concretizada dois anos depois. Finda a iniciativa, um conjunto de pessoas decidir dar continuidade ao projeto. E já lá vão quase sete anos.
“São seis grupos de ensaio em pontos geográficos diferentes do Concelho. A ideia inicial foi estar próximo da comunidade e em vez de serem as pessoas a deslocarem-se para um lugar comum, somos nós que nos deslocamos a esses seis sítios”, começa por explicar numa conversa com O MINHO, Carlos Correia.
Os participantes são todos não profissionais ainda que as portas estejam abertas para quem quiser. Ainda que com abordagens diferentes, o trabalho é todo articulado para dar origem a um espectáculo final coerente.
O processo criativo começa com uma discussão “saudável” sobre as matérias a abordar que depois se transformam em cantigas, lengalengas ou o que der para ser usado com a voz.
Este ano, segundo Carlos Correia, natural de Ponte de Lima, o mote é “o ter medo: são aquelas histórias que ouvíamos à volta da mesa quando eramos pequenos, de monstros, de possessões, de encruzilhadas”.
O sucesso do projeto “Outra Voz” é explicado por Carlos Correia lembrando uma das promotoras iniciais da iniciativa, Amélia Muge, “que dizia que quanto mais forte for a ligação das pessoas com aquilo que estão a fazer maior é o empenho e a motivação”.
Uma centena de participantes
As conversas e propostas rodam em torno dessa ânsia criativa, ocorrem semanalmente em horário pós-laboral, com ensaios conduzidos em seis diferentes locais: Academia de Bailado de Guimarães, ADCL de S. Torcato, Casa do Povo de Briteiros, Juntas de Freguesia de Lordelo, Nespereira e Pevidém. Envolvem cerca de uma centena de participantes.
“É preciso pensar sempre no que vamos fazer a seguir, repensar cada espectáculo que fazemos. Curiosamente, há qualquer coisa nos vimaranenses que trazem sempre uma energia positiva, um entusiasmo para aquilo que fazem e isso é faz toda a diferença”.