“Abandonados no deserto”. É assim que a população da freguesia de Pedralva, em Braga se sente com o anúncio (inevitável?) do encerramento da escola básica do primeiro ciclo. Hoje, foram até à reunião de câmara manifestar o seu descontentamento por uma decisão que irá “prejudicar, mais uma vez, a freguesia”.
São apenas 14 os meninos que se inscreveram no próximo ano letivo na escola básica de Pedralva. Um número insuficiente para que o estabelecimento de ensino mantenha as portas abertas e a intenção do seu encerramento já foi comunicada pela Dgeste à autarquia. O vereador da CDU foi o primeiro a trazer o assunto à baila: “a escola tem excelentes condições, foi intervencionada, tem recreio coberto e até aquecimento. Tem, portanto, condições para continuar a funcionar”.
Carlos Almeida, que visitou a freguesia, sugeriu a possibilidade da existência de uma turma mista para, “no imediato evitar o seu encerramento”, trabalhando a autarquia, no futuro, para que “outras crianças da freguesia que estão inscritas noutras escolas possam optar por Pedralva”.
Bernadete Antunes, porta-voz dos pais e encarregados de educação, “pediu uma oportunidade. Estamos disponíveis para trabalhar com a câmara, no sentido de cativar os pais que inscreveram os seus filhos noutras escolas, primeiro percebendo o porquê e depois fazendo o que seja necessário”.
A mãe lembrou que “olhar para as crianças como números ou rácios não é correto” e elencou pequenas coisas que a Câmara poderia fazer para tornar a escola mais atrativa: “novos computadores e quadros interativos”. A terminar uma desabafo: “não levem só o lixo e as redes elétricas para Pedralva”.
“Abandonados no deserto”
Pedro Silva, outro habitante da freguesia, lembrou que “Pedralva está entregue à sua sorte e é urgente acabar com o ciclo vicioso de tudo ser contra a freguesia: recebemos o aterro que ninguém queria e as linhas de alta tensão que nos prejudicam. Depois, a piscina, o polidesportivo e o parque de merendas vão para a freguesia vizinha de Sobreposta”.
O apelo dramático ao executivo, “precisamos muito de vós”, teve uma resposta quase resignada de Ricardo Rio: “não é o Município que encerra escolas é o Ministério da Educação”.
No caso concreto, o autarca lembrou que “houve uma perda de alunos ao longos dos anos e não há outra medida para a Dgeste encerrar escolas do que o número de alunos, independentemente das excelentes condições que possam ter”.
Considerando que a decisão “pode não ser definitiva nem irreversível”, Rio pediu um trabalho de base, desde o jardim-de infância, para que a situação possa ser repensada e recusou a ideia de turmas mistas: “isso não é dar condições de aprendizagem. A escola só teria um professor para todos os níveis de ensino”.
PS critica vereadora
A Vereadora, Lídia Dias, assegurou aos pais que “tudo o que foi prometido na reunião que tive com vocês será cumprido, nomeadamente na questão dos transportes, refeições e CAF”.
O espaço da EB vai ser ocupado pelo Jardim-de-infância que “terá melhores condições e todos os prolongamentos de horário e de CAF manter-se-ão nesta escola”.
O PS, pela voz da vereadora Liliana Pereira, criticou a postura de Lídias Dias: “não se quer comprometer com nada e tomar decisões difíceis faz parte do cargo que se tem”.
E foi mais longe: “atempadamente poderia ter-se encontrado uma solução, como o PS fez no caso de Coucinheiro, para se chegar até aqui. A Vereadora tem muita culpa nisso. Não se faz uma reunião em Maio para resolver um assunto destes”.