Neste Artigo
- O que é a prisão domiciliária?
- Há exceções?
- O que resulta desta medida?
- Renúncia vs Suspensão de mandato
- Pena pode ser revista?
- Quem se pode seguir?
- Quanto tempo pode o autarca suspender o mandato?
- Pode haver eleições antecipadas?
- E moção de censura?
- Quem tem a batata quente na mão?
- O que diz o PS?
- E o PSD?
- Independentes pedem a renúncia de mandato
Muitas perguntas se colocam após a prisão domiciliária com pulseira eletrónica do Presidente da Câmara de Barcelos. Miguel Costa Gomes não renunciou ao mandato, motivo pelo qual o juiz optou pela medida de coação aplicada, e já fez saber através do seu advogado que se irá manter em funções.
Presidente da Câmara de Barcelos fica em prisão domiciliária
E agora Barcelos? O MINHO, com os dados conhecidos atualmente, responde algumas perguntas de quais poderão ser os caminhos adotados no futuro.
O que é a prisão domiciliária?
Basicamente é uma medida de coacção onde o arguido fica em regime de permanência na habitação fiscalizado por uma pulseira eletrónica. A duração desta medida tem prazos máximos, de acordo com a fase do processo.
Há exceções?
Sim, o tribunal pode permitir a saída da habitação para a frequência de programas de ressocialização ou para atividade profissional, formação profissional ou estudos do arguido. No caso, de Miguel Costa Gomes este cenário não deverá ser plausível.
O que resulta desta medida?
O advogado de Miguel Costa Gomes confirma que o autarca vai manter-se em “plenas funções”. Os assuntos poderão ser levados a casa de Costa Gomes para despacho, por alguém externo à Câmara.
“De uma forma ou outra, os assuntos continuarão a ir a despacho do presidente”.
Renúncia vs Suspensão de mandato
O advogado do autarca já tinha dito que o autarca não irá renunciar ao seu cargo autárquico
porque “se considera inocente e recebeu um mandato do povo, que irá cumprir até ao fim”.
Ora, a suspensão de mandato é diferente. No primeiro caso assume os destinos do Município o número dois da lista; no caso de suspensão é o vice-presidente que assume funções. Em Barcelos, é a mesma pessoa: Armandina Saleiro.
Pena pode ser revista?
O advogado do autarca já fez saber que recorreu de decisão do tribunal, tendo este agora, até dois meses para se pronunciar. Nuno Cerejeira Namora quer ainda esclarecimentos sobre se o impedimento com contactos com funcionários municipais se estende também aos vereadores.
Câmara de Barcelos acredita que presidente “provará a sua inocência”
O causídico vai pedir “queda imediata” do crime de prevaricação de que o autarca está indiciado, considerando que eventuais irregularidades em ajustes diretos “constituem um problema administrativo e não penal”. Costa Gomes está ainda indiciado de um crime de corrupção passiva.
Quem se pode seguir?
Em caso de suspensão de mandato, Armandina Saleiro deverá ser a ‘nova’ Presidente de Câmara.
António Melo, neste cenário, entra para a vereação. Recorde-se que um dos eleitos pelo Movimento Independente está, desde o início do mandato, com Costa Gomes, dando maioria ao executivo.
Quanto tempo pode o autarca suspender o mandato?
Segundo a lei, um autarca pode suspender o mandato por seis meses. Mas há várias prerrogativas legais que estendem este período por mais tempo.
Pode haver eleições antecipadas?
Pode. Há dois cenários onde isto seria possível acontecer: a renúncia de todos os elementos que compõem as listas da oposição ou, então, todos os elementos da lista do PS fazerem o mesmo (ambas as hipóteses, sabe O MINHO, não estão em cima da mesa).
E moção de censura?
Uma moção de censura teria sempre que ser requerida pela Assembleia Municipal e integrada numa ordem de trabalhos. A votação seria feita por todos os elementos pertencentes à Assembleia Municipal. Se é verdade que em termos de deputados as forças da oposição estão em maioria (36 contra 26), os 61 presidentes da junta podem desequilibrar a balança para a rejeição da moção de censura. Também isto não está no horizonte mais próximo.
Quem tem a batata quente na mão?
É o PS. Será o partido a definir que caminho quer seguir no futuro. No entanto, fonte contactada por O MINHO lembra que “toda a dinâmica do concelho tem um cunho presidencialista e mudando a cabeça pode haver uma outra visão e moldar o pensamento a uma nova estratégia demora tempo e trás consequências negativas”.
O que diz o PS?
O partido do autarca está remetido ao silêncio desde que foram conhecidas as medidas de coacção. No entanto, aquando da detenção de Costa Gomes, a concelhia liderada por Manuel Mota manifestou “a total solidariedade para com o presidente da câmara de Barcelos”.
PS/Barcelos manifesta solidariedade com presidente da Câmara e critica oposição
Na altura, o partido estava convencido que se “adensa a convicção da ausência de fundamentação nas imputações produzidas” lamentando “o circo mediático montado, bem como declarações censuráveis de responsáveis políticos locais’’.
E o PSD?
José Novais já veio a terreiro manifestar “uma profunda preocupação quanto ao futuro imediato do Município de Barcelos” e lamenta “o momento negro e a imagem negativa (para o Concelho) que os canais de televisão e demais órgãos de comunicação social têm difundido por todo o País”.
O líder laranja considera “uma situação vergonhosa muito grave, única na história de Barcelos”
deixando depois uma série de questões nomeadamente as consequências futuras no funcionamento do executivo.
PSD/Barcelos manifesta “profunda preocupação” com “futuro imediato” do município
Novais estranha “o silêncio mordaz e desrespeitador de Barcelos e dos barcelenses”, por parte do Partido Socialista.
Independentes pedem a renúncia de mandato
O movimento independente “Barcelos Terra de Futuro” pede a renúncia de Miguel Costa Gomes a todos os cargos políticos por considerar ser “a solução mais compatível com a defesa de uma gestão política consubstanciada nos interesses de Barcelos e dos barcelenses”.
Domingos Pereira pede também uma reunião da Assembleia Municipal “com carácter de urgência” para que “todos os grupos municipais para de forma serena e responsável, avaliarem a presente situação política”.
Movimento independente de Barcelos pede “renúncia” de Costa Gomes
Também o Bloco de Esquerda e PCP se manifestaram:
Bloco de Esquerda defende eleições autárquicas intercalares em Barcelos