Uma gigantesca obra de arte embeleza as mais recentes obras de ampliação da Barragem da Caniçada, no Rio Cávado, entre as duas margens, de Valdosende (Terras de Bouro) e de Parada de Bouro (Vieira do Minho), que a EDP quis associar a intervenções artísticas, como o tem vindo a fazer, nas outras obras de grande monta, que executa em todo o país.
Para a Barragem da Caniçada, foi escolhido Alexandre Farto (aka Vhils), que com a sua obra intitulada “Visceral”, já mexeu positivamente com a beleza envolvente daquela zona do Gerês, inserida no projeto da EDP Arte em Barragens nas suas Centrais Hidroelétricas.
Segundo próprio de Alexandre Farto (aka Vhils), a sua obra, intitulada “Visceral”, resultou de “uma proposta para a intervenção artística teve por base a ideia de desenvolver uma reflexão sobre a ligação entre o ser humano, a paisagem envolvente e o património edificado das grandes infraestruturas, sublinhando a sua importância para o desenvolvimento económico, mas também histórico e cultural, do país e das suas comunidades”.
Em declarações a O MINHO, Alexandre Farto (aka Vhils) “salientou que “a obra consiste numa peça mural em grande escala com recurso a uma técnica de pintura com pistola de alta pressão com tintas próprias para aplicação em superfícies de betão, seguido de pulverização da hidro-armadura final que irá garantir a sua proteção face aos elementos naturais adversos”.
Com base num dos conceitos transversais à obra de Vhils – a noção de “moldagem recíproca” que explora a relação fundamental entre o indivíduo e o meio circundante, através da qual ambos desenvolvem um carácter comum – a composição em grande escala visa prestar uma homenagem à capacidade empreendedora e construtiva do ser humano, refletindo ainda a intenção de humanizar o património edificado para que o público se reveja em, e reflita, sobre o mesmo”, explicou o mesmo artista face a este desafio da EDP.
“Neste sentido, procura desenvolver uma narrativa visual de carácter refletivo sobre o papel do ser humano na terra e a sua relação com a natureza, onde a própria condição frágil e superficial da intervenção artística irá espelhar as alterações intrínsecas à passagem do tempo”, disse Alexandre Farto (aka Vhils).
“Fazendo uso das próprias propriedades e potencialidades da matéria base num jogo de contrastes mais ou menos acentuados, o resultado da intervenção visa estabelecer um diálogo entre elementos visuais que favorecem o seu enquadramento. Falando-nos também de sustentabilidade – referente quer aos recursos naturais, quer à salvaguarda do património cultural e humano – a peça presta ainda uma homenagem à resiliência da população local face ao êxodo rural que tem afetado a salvaguarda da identidade e do património cultural que lhe é inerente”.
Um dos pontos por excelência para observar aquela obra de arte são as Antigas Piscinas da EDP, em Valdosende, situadas nesta freguesia que confina com a margem direita do Rio Cávado.
Projeto inovador da EDP
A EDP convidou três reconhecidos artistas a intervir nas suas barragens, dentro de um projeto mais amplo que promove o envolvimento entre arte e energia. Rui Chafes, José Pedro Croft e Alexandre Farto, conhecido por Vhils, aceitaram o desafio e concluíram já as obras instaladas nas centrais de Foz Tua, Baixo Sabor e Caniçada, respetivamente.
Estas intervenções inserem-se no Roteiro de Arte em Barragens, lançado pela EDP em 2006 com o objetivo de aproximar duas realidades que, embora pareçam totalmente distintas, revelaram ser complementares. Este roteiro, inovador a nível mundial, tem projetado o grupo em dimensões que vão muito além da sua principal atividade, reforçando o seu ADN enquanto impulsionador de arte.
As experiências vividas desde 2006 têm demonstrado que este projeto tem a capacidade de dar um novo rosto a estruturas já de si emblemáticas, não só pela escala, como também pela importância histórica e estratégica.
O Roteiro de Arte em Barragens conta já com obras de Pedro Calapez (Picote), Pedro Cabrita Reis (Bemposta), Graça Morais (Frades), José Rodrigues (Alto Lindoso) e João Louro (Alqueva), bem como com intervenções arquitetónicas de Álvaro Siza (Baixo Sabor) e Eduardo Souto Moura (Foz Tua).