O Hospital da Senhora da Oliveira, em Guimarães, através do seu Serviço de Imagiologia, realizou na semana passada, pela primeira vez, uma técnica minimamente invasiva de excisão de lesões mamárias. Esta técnica, já utilizada noutros países, ainda não está a ser aplicada de forma rotineira em hospitais portugueses.
Este procedimento, denominado de Breast Lesion Excision System, é realizado pelo médico radiologista de intervenção, sob controlo por ecografia ou mamografia. Após anestesia local da pele e em torno do nódulo, é introduzida uma sonda até à lesão. Pressionando um botão, faz-se sair da extremidade dessa sonda, cinco dentes que encapsulam a lesão e, através da emissão de ondas de radiofrequência, a removem ao mesmo tempo em que é feita uma coagulação imediata. Após 10 segundos, retira-se a sonda e, simultaneamente, a lesão.
“Esta técnica minimamente invasiva está formalmente aceite na remoção de lesões até 2 centímetros, de natureza benigna ou pré-maligna. Em lesões com aspeto imagiológico suspeito e não biopsadas previamente, marca-se o local da lesão com um clip metálico, permitindo posteriormente reconhecer a sua topografia para a eventualidade de terapêuticas adicionais serem necessárias. Nestes casos, ao substituir a biopsia convencional, é enviada para o laboratório de anatomia patológica a lesão intacta ao invés de vários fragmentos, permitindo uma melhor avaliação da mesma”, explicou Teresa Dionísio, médica radiologista de intervenção do Hospital de Guimarães, Teresa Dionísio.
Acrescem outras vantagens neste procedimento, como a fácil acessibilidade (não necessita de sala de bloco operatório nem apoio de médico anestesista), boa tolerância da doente apenas com anestesia local, a incisão reduzida da pele (apenas 6 milímetros), sem necessidade de sutura, a rapidez da técnica (no total cerca de 30 minutos) e a possibilidade de a doente poder abandonar o hospital logo após o procedimento e, de seguida, retomar a sua vida normal.
Refira-se ainda que os efeitos secundários são comparáveis aos de uma biópsia convencional, incluindo possibilidade de hematoma e/ou dor local, geralmente minimizados com a aplicação de gelo, mas na maioria dos casos estas complicações não se verificam.
As primeiras doentes submetidas a este procedimento já foram entretanto reavaliadas, quatro dias depois, não se tendo verificado quaisquer complicações. No Hospital de Guimarães, nos últimos três anos, foi realizada uma média anual de 115 cirurgias para este tipo de lesões, pelo que esta técnica pode reduzir boa parte destas intervenções, promovendo a redução da lista de espera e gerando poupança e eficiência.