Declarações após o jogo Gil Vicente-Rio Ave (2-0), da oitava jornada da I Liga portuguesa de futebol:
– Ricardo Soares (treinador do Gil Vicente): “Fizemos o suficiente para ganhar. Era nossa intenção entrarmos fortes, tentar fazer o golo o mais rapidamente possível, para depois gerir o jogo e estabilizar a equipa. Fizemo-lo com grande eficácia. Faltou-nos aqui e ali uma saída mais forte para o ataque. A iniciativa dada ao Rio Ave é propositada em alguns momentos do jogo. Noutros, foi a qualidade do Rio Ave que nos atirou para trás. A vitória resultou do fantástico trabalho dos meus jogadores.
Não nos podemos esquecer de que as vitórias é que dão confiança para jogarmos bem no futuro [após dois meses sem vencer]. Sabíamos as etapas que queríamos percorrer. O nosso trabalho foi fundamentalmente defensivo e de saídas rápidas para o ataque. Mantivemos a baliza a zero, contra uma equipa que tinha perdido um jogo oficial [Benfica, 3-0], que era a melhor defesa do campeonato [cinco golos sofridos antes do jogo] e que é bem orientada. Com o tempo de trabalho que tínhamos, entendemos que esta era a melhor forma de vencer.
O grande desafio [da contratação pelo Gil Vicente] é colocar uma equipa que não está a vencer e a conquistar pontos. Achava que era um clube que me iria permitir continuar a carreira assente em vitórias e objetivos sustentados. Queríamos limpar uma ‘nuvem negra’ que estava no clube, fruto dos resultados e não das exibições. A equipa já tinha feito boas exibições, mas, por perdas de concentração, não somou pontos.
Quis o destino que eu viesse herdar o trabalho do Rui [Almeida], mas também do Vítor Oliveira [antigo treinador que morreu no sábado, aos 67 anos]. É um homem que nos deixa um legado incrível. Ele marcou o Gil Vicente, como marcou outros vários clubes em Portugal. Ele foi ‘grande’, sem treinar nenhum ‘grande’. Se fosse preciso, estaria aqui a noite toda a dizer adjetivos positivos do Vítor. Mas deixo este: liberdade de expressão. Ele tinha a sua opinião, respeitando a dos outros, sem ‘atropelar’ ninguém. Na sociedade, podemos ser líderes sem ‘atropelar’ ninguém, nem tratar mal ninguém. Um grande abraço para a família”.
– Mário Silva (treinador do Rio Ave): “Achámos que a estratégia era a adequada para vencer o Gil Vicente. Sabíamos que íamos ter dificuldades. Queríamos um ataque com um ponta de lança mais móvel [Gelson Dala], que criasse problemas na defesa adversária e espaços para outros jogadores romperem. Mas, cometemos muitos erros individuais na primeira parte, que, a este nível, se pagam caro. Sofremos um autogolo.
A aposta no Bruno [Moreira] foi para criar uma frente de ataque mais forte. Criámos oportunidades na segunda parte. Lembro-me de três, pelo Filipe [Augusto], pelo [Carlos] Mané e pelo [Gelson] Dala. Infelizmente, não fomos eficazes. Arriscámos tudo. Criámos problemas até ao último minuto, quando sofremos um golo contra a ‘corrente do jogo’.
O Gil Vicente organizou-se bem e criou-nos problemas no contra-ataque. Queríamos ter ganhado, porque este jogo dava-nos três pontos e o acesso a um objetivo, que era a Taça da Liga. O próximo jogo é difícil, na nossa casa [com o Boavista]. Queremos e podemos fazer melhor.
Temos pena de não termos conseguido ganhar, para a estreia dele [Costinha] no campeonato ser muito positiva. É um grande profissional. Teve oportunidade na semana anterior para a Taça de Portugal [triunfo sobre o Monção, por 2-1] e voltou a ter hoje. Teve um rendimento positivo e saiu por opção estratégica, não pela ‘performance’.
Queria dar um abraço muito forte da minha parte às famílias das pessoas que, infelizmente, faleceram nesta semana: o senhor Reinaldo Teles [ex-dirigente do FC Porto], uma pessoa com quem partilhei parte da minha vida [enquanto jogador do FC Porto] e o ‘mister’ Vítor Oliveira, um treinador de referência no futebol português. São duas pessoas que deixaram o futebol português muito mais pobre. O futebol é muito importante para nós, mas a perda de pessoas é algo muito mais importante”.