Um estudo divulgado pelo Governo britânico indica que a nova variante do novo coronavírus, agora predominante no país, pode ser até 70% mais mortal que as anteriores. O concelho do Norte onde esta variante tem maior incidência é o de Caminha, no Alto Minho, segundo deu conta o presidente da Câmara.
O novo relatório, que se baseia na análise de cerca de 12 estudos, revela que a chamada variante ‘Kent’, nome do condado onde foi inicialmente identificada, é provavelmente 30% a 70% mais mortal do que outras variantes.
Estes estudos compararam a hospitalização e as taxas de mortalidade entre as pessoas infetadas com a nova variante e com outras.
“Os resultados da análise são preocupantes”, disse o médico David Strain, professor catedrático da Faculdade de Medicina da Universidade de Exeter e responsável clínico da Covid-19 no Royal Devon & Exeter Hospital.
“A maior transmissibilidade significa que as pessoas que anteriormente estavam entre as de baixo risco de contrair a covid-19 [particularmente as mulheres mais jovens e em boa forma física] estão agora a apanhá-la e acabam no hospital”, afirmou Strain.
Segundo o mesmo especialista, “isto é realçado pelos últimos números de hospitalizados, que agora indicam uma proporção de quase 50:50 entre homens e mulheres, em comparação com o facto de ser predominante nos homens na primeira vaga”.
Os resultados do Estudo do New and Emerging Respiratory Virus Threats Advisory Group, publicado na sexta-feira na página oficial do Governo britânivo, tem por base uma investigação preliminar, que foi divulgada a 21 de janeiro.
O grupo responsável pelo estudo inclui peritos de universidades e agências públicas de todo o Reino Unido.
Os consultores científicos do Governo do Reino Unido manifestam ainda preocupação sobre como as mutações podem alterar as características da doença.
A variante do Reino Unido tinha, na passada quinta-feira, uma prevalência de 43% no número de novos casos de covid-19 registados em Portugal, revelou naquele dia o primeiro-ministro, António Costa.
Maior incidência em Caminha
O presidente da Câmara de Caminha, Miguel Alves (PS), anunciou no sábado que aquele concelho do Alto Minho é o que regista um maior número de incidência da estirpe inglesa do vírus SARS-CoV-2 em toda a região Norte do país. Adiantou ainda que, naquele concelho, o maior número de novos casos incide na faixa etária entre os 0 e os 9 anos.
Num vídeo publicado nas redes sociais do município, Miguel Alves avançou também que, só no mês de janeiro, morreram mais pessoas e foram detetadas mais infeções do que em todo o ano de 2020. “Um mês de janeiro terrível”, apelida o autarca.
“Hoje a situação está bastante melhor, temos um crescimento mais lento de casos, temos menos casos ativos mas isso não nos deve fazer baixar a guarda em nenhuma circunstância”, apela, indicando que “qualquer erro, qualquer deslize, pode deitar tudo a perder”.
“No concelho de Caminha a faixa etária onde se distingue o maior número de infeções é a faixa etária entre os zero e os nove anos. Isto não acontece em todos os lados. Caminha distingue se por essa nota e característica, mas mais”, começou por dizer Miguel Alves.
De acordo com o autarca, Caminha é o “concelho de toda a região Norte, não apenas do distrito de Viana do Castelo, onde a estirpe inglesa está mais presente em cada caso de infeção”.
“Digo-vos isto para perceberem de facto que temos mesmo que tomar cuidado e que apesar do cansaço que todos sentimos neste confinamento não podemos desistir. Não podemos facilitar”, salientou.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.394.541 mortos no mundo, resultantes de mais de 108,5 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.