Chama-se “Casa de Bouro”, ocupa uma área de 450m2 em Terras do Bouro e foi destacada pelo portal internacional de arquitetura “ArchDaily“, como sendo uma casa que “abraça a natureza” em pleno Gerês, com especial realce para uma piscina que, simultaneamente, tem o efeito sonoro de uma cascata.
Na zona interior da casa, as janelas, as portas e a própria varanda mostram uma vista privilegiada da natureza, como se uma obra de arte se tratasse.
De acordo com a equipa que realizou o projeto, do gabinete Mutant Arquitectura & Design, com curadoria de Susanna Moreira, a proposta apresentada pelo cliente teria sempre de envolver o conceito de uma habitação em forma retangular que se integrasse com a natureza da paisagem.
Os arquitetos desenvolveram assim um “paralelepípedo retangular que foi deformado no sentido de abraçar a área do terreno orientada a sul e que compõe o logradouro”.
De forma a deixar o perfil do terreno com “uma orgânica natural e irregular”, a equipa entendeu que a piscina pedida pelo cliente “deveria fazer parte da volumetria da construção”. Foi assim que laje do piso 1 “sofreu uma rotação no sentido sul/poente com o objetivo de promover uma relação natural entre a sala e a zona que compõe este espaço exterior”, é descrito.
Segundo os arquitetos, o “volume da piscina promove uma tensão visual caracterizada pela sua suspensão e atrai para o lugar uma nova identidade auditiva caracterizada pelo som relaxante da queda de água”.
Segundo a descrição apresentada naquele portal, “o programa é organizado em dois pisos, sendo que o piso inferior, em cave, absorve os espaços destinados à garagem e áreas técnicas e o piso superior destina-se aos espaços sociais e privados”.
Por sua vez, e a “comunicar entre si”, existe o hall de entrada, quatro suites (uma delas com closet), a cozinha e a sala. Lá fora, nova casa de banho e uma despensa para apoiar na alimentação da família.
Uma das caraterísticas em destaque neste projeto é a entrada para a habitação, realizada “no centro do volume” com acesso “caracterizado por um percurso exterior, enigmático, que destaca a existência do talude, a norte, promovendo privacidade e destaque para a natureza do local”.
O gabinete destacou ainda a “sensação propositada de afunilamento visual para a entrada”, que em simultâneo, “cria um sentimento de curiosidade sobre o que se vislumbrará após a entrada na habitação”.
“Chegado ao seu interior existe uma relação direta com o logradouro, a sul, bem como com o espigueiro, pertença do local. Daí desenvolve-se todo o programa, é o ponto de chegada das escadas de acesso desde o piso inferior e também o acesso direto ao espaço privado (nascente/sul) e espaço social (sul/poente)”, sublinha ainda o gabinete.
A construção é em betão à vista, com cofragem de madeira “pregada no seu método tradicional”, situação que contrasta com “elementos em metal dourado que visa transmitir uma sensação de voluptuosidade e requinte”.
O projeto foi concluído em 2022.