A família torturada com pés-de-cabra e roubada, em Igreja Nova, Barcelos, faz hoje um ano, disse a O MINHO “continuar a viver com medo”. Mas, “embora desesperados com tanta demora, ainda acreditamos na justiça, quer na Polícia Judiciária de Braga, quer no Ministério Público, porque estamos esperançados que prendam quem nos fez isto, para serem castigados”, dizem.
Paula Cunha, 47 anos, e o marido, Firmino Cunha, 50, mantêm dificuldades em verbalizarem o que lhes aconteceu, bem como aos dois filhos mais novos, de 24 e 19 anos, porque mais do que lhes roubaram, avultadas quantias em dinheiro e ouro, foram torturados incessantemente, até revelarem onde tinham escondido o cofre, após acordados de rompante dentro de casa.
A Procuradoria-Geral da República, que tutela a ação processual da Polícia Judiciária, disse a O MINHO que “a investigação prossegue, não tendo o inquérito conhecido o despacho final”. O processo criminal encontra-se abrangido por segredo de justiça, decretado desde início do caso pelo juiz de instrução criminal de Braga.
O prazo limite para terminarem as investigações da PJ de Braga é de um ano e meio, tratando-se de terrorismo, criminalidade violenta ou altamente organizada, daí o caso se encontrar na 1.ª Secção do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) do Ministério Público da Comarca de Braga, em Guimarães, área que trata dos crimes mais graves.
Ao que O MINHO apurou, o processo não está sob as investigações da Secção Regional de Combate ao Terrorismo e Banditismo, porque como o crime de sequestro terá sido meramente um ato instrumental para o crime de roubo, o caso ficou na Polícia Judiciária de Braga.
Quatro meses depois dos crimes, a 21 de junho de 2022, a Polícia Judiciária de Braga desencadeou diversas buscas a residências e estabelecimentos, em várias freguesias do concelho de Barcelos (Roriz) e Esposende (Apúlia), só que acabaria por libertar, ao final da tarde desse mesmo dia, os cidadãos buscados, após permanecerem todos nas instalações da PJ de Braga.
Ao longo de todo o dia, os suspeitos foram sujeitos a diversas diligências policiais, na Polícia Judiciária de Braga, incluindo reconhecimentos presenciais, mas não chegaram a ser detidos, nem apresentados a qualquer autoridade judiciária (Ministério Público) ou judicial (juiz de Instrução Criminal de Guimarães), nunca mais tendo sido nenhum conduzido para a PJ de Braga.
Desde então não foram conhecidos mais desenvolvimentos do caso, mas a Procuradoria-Geral da República assinala que “a investigação prossegue, não tendo o processo conhecido um despacho final”.
O prazo limite é de mais meio ano, a fim de haver um despacho final do Ministério Público, de acusação ou de arquivamento.